Durante o dia, o presidente Nuno Canta e os vereadores Francisco dos Santos e Maria Clara Silva visitaram a União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro, acompanhados pelo executivo da Junta.
A reunião com os fregueses contou também com a presença do presidente da Junta, Fernando Caria.
Nuno Canta começou por fazer um balanço da visita, a primeira de três que irão decorrer no concelho. “Visitámos sobretudo a zona poente da freguesia onde irá funcionar o aeroporto Low Cost, e tivemos oportunidade de visitar a Base Aérea n.º 6 com o comandante desta, onde será o terminal n.º 2 da Portela, circulando na pista que será utilizada.
Esta é uma questão importante porque o Montijo terá um grande desafio pela frente, que será também um motor de desenvolvimento importantíssimo, à semelhança do que foi a mala-posta no Montijo no passado.
Estivemos na nova loja da EDP, que irá funcionar numa zona central, perto de outros serviços, fomos ao Bairro do Afonsoeiro, onde identificámos alguns problemas.
O almoço decorreu com instituições da área cultural, social, educativa e empresarial.
Seguiu-se a visita ao cais dos pescadores, que está a ser alvo de requalificação bem como o esgoto que tem funcionado na zona e que vai evitar que sejam despejados directamente no rio. Na visita que fizemos ao Saldanha também identificámos alguns problemas que pretendemos resolver e foi também discutida a possibilidade de usar os talhões que têm flores para criar hortas urbanas, conforme os moradores nos pediram.
Na visita ao Seixalinho, pretendemos ver os acessos a construir para ligar a cidade ao novo aeroporto, nomeadamente a segunda fase da circular externa. Estivemos também com os responsáveis da Fábrica de Alhos do Montijo, uma empresa apenas com um ano mas que exporta para todo o mundo, sendo mesmo o único fornecedor de alhos da cadeia MacDonald’s a nível mundial.
Falta de pessoal nas escolas
Seguiram-se depois as intervenções do público, com três encarregados de educação da JI e EB 2.º e 3.º ciclo do Esteval, (actualmente com 589 alunos) Ângela, Cátia e Vítor, que se queixaram do facto da escola ter o bar e o pavilhão desportivo encerrado, “o que impede as aulas de educação física e que as crianças tenham uma opção onde comer, porque a cantina serve muitos miúdos, o tempo é pouco e a comida é má e escassa”, explicou a mãe, Ângela.
Nuno Canta referiu que a autarquia montijense “tem feito uma enorme aposta na educação, que é a nossa prioridade dentro das prioridades e temos ido até mais longe do que nos é pedido, porque até temos um contrato com o ministério da Educação e assumimos a contratação do pessoal e no geral temos um rácio de pessoas por escola superior ao que a legislação impõe.
No entanto, e apesar de termos aberto concurso público, são processos morosos. E depois temos um problema de baixas fraudolentas, que existem, e que nos colocam com o problema de falta de pessoal. A autarquia apenas gere a colocação, a gestão do pessoal e os locais onde ficam a trabalhar, cabe aos Agrupamentos de Escolas. E no caso da EB do Esteval, ainda hoje foi deslocada para lá uma funcionária da escola do Afonsoeiro.
O actual processo ligado à educação é complicado, e relativamente recente, tem apenas seis anos, em que as Câmaras Municipais se imiscuem de certo modo na gestão das escolas, o que antes era apenas com o ministério da Educação.
A vereadora Maria Clara Silva explicou depois que “a educação tem uma tutela partilhada, o que torna mais difícil gerir algumas coisas, mas não nos escudamos sobre o que é nossa responsabilidade”, pormenorizando o processo de recrutamento e distribuição de funcionários pelas escolas.
Outro aspecto de desacordo dos pais tinha a ver com os horários das Actividades Extra-curriculares, tendo a vereadora explicado que se trata de uma decisão do Conselho Pedagógico de cada escola, “mas este ano temos outro problema, com o ministério da Educação a introduzir o ensino de Inglês no 3.º Ciclo, mas a não permitir que sejam contratados mais professores. Teve de ser feita uma flexibilização dos horários, que permitisse também que os professores destas actividades ficassem com um horário completo, em vez de apenas duas ou três horas, o que levava muitos a desistirem ou a nem sequer preenchermos a vaga.”
«É improvável tirarem o aeroporto daqui»
João Bonito interrogou o executivo “se o aeroporto já está garantido no Montijo”. Nuno Canta respondeu que “nunca podemos ter garantias de nada, mas a informação concreta e recente que temos é a localização deste será no Montijo”, fazendo depois percurso pela história deste projecto.
“O Montijo só tem a ganhar, mas não a qualquer preço. Por isso recusei assinar o documento tipo memorando que o responsável do Governo nos enviou, porque não referia nada sobre as acessibilidades que será necessário criar. Queremos salvaguardar os interesses do Montijo e iremos acolher o aeroporto, mas este terá de ser um motor para o desenvolvimento.
O próximo passo é a realização de uma série de estudos, que permitam a sua aprovação para aeroporto civil. Mas temos várias vantagens, desde a empresa que adquiriu a ANA ser a mesma que explora a Ponte Vasco da Gama, ao facto de o aeroporto da Portela estar com um número crescente de passageiros e graves problemas, que levam a que os voôs low cost sejam muitas vezes desviado para o Porto, e o facto da Base Aérea estar situada numa área com 1000 hectares, que permite muita área para explorar.
Falta de transportes e de acessibilidades
A terceira intervenção da noite coube a um morador das Colinas do Oriente, Rui, que se queixou da falta de transportes para os moradores do Montijo que trabalhem em Lisboa, “porque a portagem é cara e sem alternativas e os autocarros são poucos, não fazem carreira a todas as horas e não chegam a todos os locais, pelo que as pessoas que moram nas Varandas do Montijo, Esteval ou nas Colinas do Oriente, entre outros, têm de levar os carros até às paragens no Afonsoeiro ou andar bastante a pé para apanharem o transporte”.
O munícipe apontou ainda o problema do tráfego em horas de ponta para sair do Montijo, sobretudo em direcção à ponte Vasco da Gama.
Nuno Canta e Fernando Caria prometeram reunir com os TST para conseguir alterações aos percursos e declararam a confiança de que os problemas com as acessibilidades poderão vir a ser aliviados com as novas vias a construir com o aeroporto.
Lixo, cultura e obras municipais
A quarta intervenção coube a Gilda Paço que pretendeu apresentar “aspirações e necessidades dos montijenses”, apontando o desleixo na manutenção dos espaços públicos e na recolha de resíduos sólidos urbanos, “a requalificação ribeirinha que acho que é apenas um conjunto de obras de embelezamento porque o Montijo ainda está de costas viradas para o rio, a falta de acessos à ponte Vasco da Gama e de transportes, automóveis e ferroviários, bem como a falta de acessibilidades para deficientes ao edifício da Câmara e outros, o problema dos serviços de saúde e falta de médicos de família, terminando com a afirmação de que “não existe um projecto cultural concelhio”.
Nuno Canta admitiu falhas na questão das acessibilidades para deficientes, “que pensamos colmatar com projectos de elevadores panorâmicos exteriores, mas não tem havido fundos comunitários para tal. Este ano temos o Orçamento aprovado, o que não aconteceu em 2015, devido a opções políticas da oposição, mesmo depois de termos reunido e aceite propostas que nos fizeram, mas são atitudes destas que prejudicam o concelho e por isso esses partidos devem assumir a responsabilidade.”
Quanto aos resíduos urbanos, o edil explicou que “estamos com falta de recursos humanos, mas a trabalhar para diminuir o problema, e acerca da frente ribeirinha, está a ser feito um enorme trabalho, embora na verdade tenha sido feito quase como um puzzle, mas isso teve a ver com o financiamento, mas iremos ficar com uma frente ribeirinha de excelência, desde o cais dos Vapores até ao cais dos Pescadores.
O ramal ferroviário não vai ser recuperado pela Refer e por isso iremos avançar com uma ciclovia e uma ligação pedonal entre o Montijo e o Pinhal Novo, para o qual teremos financiamento comunitário.
Os serviços de urgência e de saúde são uma preocupação para todos, e estamos em contacto com o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo para tentar melhorar, mas há que salientar que o Hospital do Montijo tem o melhor serviço de cirurgia de ambulatório do país.
Em relação ao projecto cultural concelhio, não posso concordar, basta ver o vasto programa que temos vindo a desenvolver e que tem promovido o concelho, bem como o que ainda vamos receber como um Campeonato Nacional de Danças, aqui na Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro, e ainda um encontro de Cante Alentejano nacional, para celebrar a sua elevação a Património Mundial.
Por último, o senhor Aranha pediu mais iluminação para o estacionamento num pátio da rua D. João IV, mas o autarca respondeu que se tratava de uma área particular e que a autarquia só podia intervir em áreas públicas ou com autorização do proprietário, embora prometendo um contacto com esta para resolver a situação de segurança.
Nuno Canta terminou agradecendo a todos os presentes, “porque apenas ouvindo a população conseguimos continuar a trabalhar para melhorar o Montijo”.