quarta-feira, 26 de outubro de 2016

[Cultura - Crítica Literária] "Os Espiões do Papa", de Mark Riebling [Editorial Presença]


Texto: Isabel de Almeida

Nova Gazeta & Blog Os Livros Nossos

Foto: Nova Gazeta/Direitos Reservados

O ensaio histórico Os Espiões do Papa, integra a colecção Biblioteca do Século, com chancela Editorial Presença, e reúne todas as características necessárias para se tornar numa obra de referência, sustentada sobre um excelente edifício de  pesquisa de relevantes arquivos e documentos que retratam o ambiente da espionagem e contra-espionagem envolvendo o Vaticano e o Papa Pio XII no decurso da II Guerra Mundial.

Mark Riebling destaca-se pela proeza de ter produzido um ensaio histórico sério, credível, mas que proporciona uma leitura acessível, entusiasmante e que agarra o leitor de forma sólida, ao longo de toda a narrativa, revelando-nos personagens fortes, corajosas e que conquistaram, por direito próprio, o seu lugar na história contemporânea, sendo de destacar Pio XII, que chegou mesmo a ser injustiçado ao ser considerado apoiante do regime Nazi e de Hitler, o que não poderia estar mais longe da verdade, conforme decorre da leitura desta obra.

Assume papel de relevo nesta narrativa Josef Müller, advogado Alemão, um homem carismático, íntegro, destemido e inteligente, que nunca hesitou em arriscar a própria vida em nome dos ideais de liberdade e democracia nos quais acreditava, assumindo o controlo e organização de diversas iniciativas de espionagem, fazendo a ligação entre o Vaticano e as forças religiosas civis e militares que, sob o signo do segredo, procuravam pôr fim à barbárie causada pelo Nazismo. Um protagonista verdadeiramente fascinante, com o qual empatizamos facilmente.

É perceptível ao leitor a posição bastante delicada em que Pio XII se viu colocado, uma vez que agir em nome do Vaticano - um Estado Autónomo - poderia agudizar ainda mais a já visível tensão de uma Europa em Guerra e colocar em risco princípios de Direito Internacional e actuar enquanto figura de proa da Igreja Católica poderia colocar em risco a segurança do Vaticano, perante a ameaça Nazi. Muitas vezes, Pio XII calou perante o mundo a sua dor e a sua revolta perante a perseguição e destruição de milhares de Judeus, é, portanto, um homem humano e solidário  aquele que aqui encontramos, a par do político e diplomata hábil, astucioso e algo frio que tantas vezes a história procurou apresentar.

A leitura desta obra surge como uma verdadeira pedrada no charco em termos daquilo que sempre tivemos por certo acerca deste período negro da história contemporânea da Europa e do mundo. Por vezes, os factos históricos, tal como nos são transmitidos inicialmente, dão azo a generalizações erróneas. O presente ensaio mostra-nos toda a rede de resistência interna Alemã ao regime Nazi, o apoio discreto mas eficaz do Vaticano a estas acções.

Interessante também são as reflexões no âmbito da filosofia política e religiosa que permitiram a estes homens justificar perante o mundo e perante as próprias consciências a eventual necessidade de cometimento de tiranicídio na pessoa de Hitler.

Com a estrutura própria de uma obra de ficção, onde nem sequer falta uma elevada dose de permanente suspense, perigo e intriga, heróis e vilões, justiça e injustiça, tudo em crescendo até ao desenlace final, num ritmo e envolvência verdadeiramente arrebatadores.

Brilhante, assente numa sólida base de pesquisa, e bastante revelador. Indispensável para quem goste de história.


Ficha Técnica:


Autor: Mark Riebling

Colecção: Biblioteca do Século

Edição: Outubro de 2016


Nº de Páginas: 424


Saiba mais detalhes sobre esta e outras obras no site da Editorial Presença, clicando AQUI


Nota de redacção: O exemplar da obra foi gentilmente cedido pelo editor para artigo de crítica literária.


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

[Cinemania] "Chocolate" [Crítica de Cinema]


Crítica de Cinema

Texto: Madalena Condado

Foto: Direitos Reservados

O filme “Chocolate” através do olhar do seu realizador Roschdy Zem leva-nos até Paris do século XIX considerada como a capital europeia deste período. Mostra-nos com um detalhe impressionante as enormes desigualdades sociais, mas sobretudo dá-nos a conhecer a vida de um homem que teve a coragem de ser o primeiro palhaço negro da história.

Mais do que um filme é uma história de vida marcada pelo sofrimento e a constante procura da liberdade interpretado na perfeição pelo actor Omar Sy que já conta no seu curriculum com excelentes interpretações. 

Foca temas ainda hoje tão falados como o tráfico de seres humanos e o racismo. 

Nascido em Cuba filho de escravos, vendido a um espanhol, chega à Europa onde apesar de já não ser escravo continua a ser visto como um “animal” exótico. Começa no circo a interpretar o papel de canibal onde vem a conhecer aquele que seria o seu único verdadeiro amigo. Com ele passa a fazer parte do duo de palhaços “Footit e Chocolat” a partir dai a sua ascensão será muito rápida bem como o seu declínio. 

Footit é representado de uma forma majestosa pelo actor James Thiérrée que lembra em tantos momentos o seu avô Charlie Chaplin quer fisicamente quer na sua interpretação, durante o filme sente-se que Footit luta contra alguns demónios pessoais, mas esta ideia é deixada em aberto pelo realizador.

Chocolate é-nos apresentado como um homem charmoso principalmente com as mulheres e ambicioso, a sua capacidade para realizar o seu maior desejo interpretando “Othello” de Shakespeare perante a sociedade francesa será, no entanto, o gatilho que mudará a sua vida para sempre. 
Ao deixar o circo pelo teatro perceberá que nem tudo é alcançável. 

São focados os seus diversos vícios, ao jogo, ao álcool e às drogas os principais responsáveis pelo seu declínio e morte precoce. Julga-se que ainda não teria cinquenta anos quando morreu tuberculoso, na pobreza. Também aqui o realizador teve o cuidado de nos mostrar como a sua doença estava directamente relacionada com o seu modo de vida.

Este filme acaba por ser a forma de homenagear um homem que podia ter tido tudo não tivesse ela nascido numa época que não o compreendia e que o julgava por ser diferente. 

Podemos recordá-lo pelos seus mais diversos nomes Kananga, Chocolate, Rafael Padilla, mas na realidade ele será sempre lembrado como o primeiro Palhaço negro. 

E tal como o crítico Walter Benjamin afirmou no século XIX; “Cada época sonha a seguinte” e também Chocolate sonhava com um tempo que ainda não era o seu.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

[Cultura - Divulgação Literária] Editorial Presença lança " Os Espiões do Papa", de Mark Riebling


Chega amanhã [ Dia 19 de Outubro] às livrarias um livro que promete não deixar indiferentes todos os leitores que se interessem por temas relacionados com a II Guerra Mundial , o regime Nazi , Vaticano, Espionagem e Holocausto, um interessante ensaio histórico inserido na Colecção "Biblioteca do Século". Um lançamento com a marca de qualidade da Editorial Presença

[Sinopse da Obra]:

A GUERRA SECRETA DO PAPA CONTRA HITLER
UMA INTRIGA DE CAPA E ESPADA

A suposta impassividade do Vaticano perante as atrocidades dos nazis na Segunda Guerra Mundial continua a representar uma das maiores controvérsias da actualidade. A história apelidou Pio XII de «O Papa de Hitler» e considerou-o conivente com a política e ideologia nazi. Contudo, mais do que manter-se distanciado ou cúmplice dos acontecimentos ocorridos num dos períodos da história mais negros, o Papa teve um papel fundamental nos eventos que levaram à derrota nazi. O historiador Mark Riebling, baseado em documentos recentemente abertos pelos arquivos secretos do Vaticano e pelo British Foreing Office, apresenta a versão que ao longo de décadas foi encoberta, abrindo as portas do Vaticano para revelar factos surpreendentes na história do pontificado. Lê-se como um romance policial baseado na figura do espião alemão Josef Muller, embora seja um relato histórico rigoroso O resultado é um livro magistral que vem contribuir para uma nova visão dos acontecimentos.

[Sobre o Autor]:

Mark Riebling nasceu em Los Angeles e vive em Nova Iorque. Historiador, ensaísta e analista político, é diretor do Manhattan Institute for Policy Research. Foi cofundador do Center for Tactical Counter-terrorism e investigador no Center for Policing Terrorism/National Counter-terrorism Academy. Escreve para o New York Times e para o Wall Street Journal sobre temas relacionados com a segurança nacional. É considerado um autor inovador em temas relacionados com informação secreta e espionagem. Os Espiões do Papa está traduzido para várias línguas e é o seu segundo livro.

[O que diz a imprensa internacional]:

«Impossível parar de ler. Fascinante.»
Wall Street Journal

«Um livro notável. Leitura imprescindível.»
Washington Times

«Fruto de uma profunda pesquisa, é um livro que causará impacto. Notável.»
Peter Earnest, diretor do International Spy Museum


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