Numa excepcional tarde proporcionada pela
editora 20/20 representada neste lançamento por Leonor Bragança. Maria João
Fialho Gouveia começou por agradecer a todos os presentes aproveitando para explicar
o seu primeiro livro de ficção baseado em factos reais em tempos de guerra onde
os espiões dos dois eixos faziam do Estoril o seu palco neutral.
Inês Serra Lopes, cujos pais são padrinhos
da autora falou-nos da sua infância juntas, das bicicletas, dos cavalos, das
quedas, de todos aqueles momentos que ajudaram a tornar a Maria João na pessoa
que é hoje.
“Sob os Céus do Estoril” é o resultado da sua
curiosidade de historiadora com a de jornalista, é um reviver da sua
adolescência na Costa do Sol, onde o Estoril sempre transmitiu um estilo de
vida abastado, de opulência onde as pessoas não trabalham limitam-se a viver por
oposição ao povo. E se este seu primeiro projecto literário foi sendo adiado
até ao dia de hoje acredita que foi guiada pela memória do pai para o terminar
e é em memória dele que todos os seus livros têm treze capítulos o seu número
preferido.
Quando falamos deste livro damos por nós durante
a guerra envolvidos num intrincado jogo de espiões onde o amor é uma das partes
fulcrais de toda a trama.
Num Estoril dos espiões, da realeza, dos
judeus fugidos para a América do Norte, dos racionamentos, dos aliados, dos
nazis, de uma toupeira (porque tem que existir sempre uma). No meio deste mundo
somos bombardeados com descrições queirosianas de vestuário, locais, do Chiado
com as suas características que prevaleceram até aos nossos dias.
Depois de muita pesquisa e de uma vasta
bibliografia, Maria João apresenta-nos o Estoril como um tabuleiro de xadrez
onde de um lado o Hotel Palácio é onde se reúnem os espiões aliados por
oposição temos o (agora desaparecido) Hotel do Parque onde se reunia o eixo
nazi.
E a mente tem curiosidades interessantes.
A autora confessou-nos que ainda antes de se refugiar durante uma semana no Hotel
Palácio para acabar de escrever a estória, já tinha feito uma descrição do
hotel, dos quartos, a vista que se tinha do quarto da heroína. Qual não foi o
seu espanto quando se apercebeu que o quarto existia tal qual o tinha descrito.
Falando de espionagem não pode deixar de
relembrar o nosso saudoso Fernando Pessa e os seus relatos de guerra na BBC e
se foram tantos aqueles que passaram pelo Hotel Palácio temos que lembrar ainda
o espião Ian Fleming, cujo primeiro livro da saga “007, James Bond” foi escrito
possivelmente da mesma janela do quarto onde a Maria João esteve com vista privilegiada
para o Casino.
A verdade é que a autora tentou passar com
imparcialidade os dois lados da guerra ao qual não podia faltar a trama amorosa
neste eixo, sendo que Emily se vai encontrar dividida entre o português e o
nazi. Este romance de espionagem tem um pouco de tudo ficámos a saber que a
autora torcia por um final feliz ou como Emily diri
a: “Happy ending”.
A apresentação acabou com o tenor Fernando
Serafim a entoar três temas da época, os mesmos que recomendo aquando da
leitura do livro. “Amapola”, “As Time Goes By” e “Sole Mio”.
E se quiserem saber o que aconteceu a
Emily e aos seus espiões vejam “o bilhete escondido no vaso” num dos corredores
do Hotel Palácio.
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