Texto e Fotos: Madalena Condado
Paula Veiga falou-me do seu mais recente livro “A Rainha Perfeitíssima”, editado pela Saída de Emergência e inserido na coleção “História Portuguesa em Romances” onde se cobrem quase quatro séculos de história através dos cinco continentes.
Neste seu novo romance ficamos a
conhecer D. Leonor de Lencastre em toda a sua plenitude, como mulher, mãe, tia,
educadora, regente, benemérita, mecenas e Rainha.
Sabendo que a autora faz sempre uma
intensiva investigação para todos os seus processos criativos, fico
ansiosamente à espera do que ainda tem guardado “dentro da gaveta”, com a
certeza, porém de que será uma nova e fantástica obra, seja ela sobre o império
romano ou sobre a segunda Grande Guerra Mundial.
PV - O leitor pode esperar uma obra
biográfica sobre esta rainha.
D. Leonor enfrentou durante a sua
vida algumas tragédias pessoais, sendo confrontada, desde muito nova, com a
morte dos irmãos, do pai e de um filho (um nado morto em 1483). Anos mais
tarde, morreria o príncipe herdeiro, num acidente suspeito, em 1491.
Após a morte do filho veio a
desilusão quando o seu marido, em substituição do seu próprio filho, tentou
colocar no trono o seu descendente bastardo, D. Jorge, filho de D. Ana de
Mendonça, fidalga de Castela.
A sua vida foi fértil em tragédias e
amarguras. Veja-se, por exemplo, as contendas entre o seu marido, D. João II, e
a nobreza. As conspirações sucediam-se e culminaram não só na prisão, como
posteriormente na execução, do duque de Bragança (seu cunhado) como também na
morte do duque de Viseu, D. Diogo (seu irmão), com um punhal no peito, às mãos
de El-Rei.
Também a morte do Rei, seu marido,
provavelmente envenenado, em 1495, não foi facilmente ultrapassável porque
levantaram-se falsas suspeitas contra ela.
É a minha singela homenagem a uma
grande mulher. Na minha opinião, a uma mulher Perfeitíssima!
MBC - Porquê esta rainha em
particular quando a nossa história está repleta de rainhas com as mesmas
qualidades, virtudes, e com tanta intensidade de momentos marcantes durante os
seus reinados?
PV - Porque na minha opinião, Leonor
de Lencastre, foi uma mulher fabulosa! Provavelmente a monarca mais culta e
magnânima que o reino de Portugal alguma vez viu nascer. Era uma rainha que se
preocupou com as causas sociais, com os desfavorecidos, com os doentes e criou
as Misericórdias que ainda hoje têm um papel activo na nossa sociedade. Criou
igualmente vários hospitais e outras construções relevantes, entre os quais
destaco: o Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, a Igreja de Nossa
Senhora do Pópulo, o Hospital de Todos os Santos, o Convento da Madre
de Deus, o Convento da Anunciada, a igreja de Nossa Senhora da Merceana, a
Igreja de Santo Elói e o Convento de S. Bento, de Xabregas.
O seu legado. O amor que tinha pelos
mais desfavorecidos, o esforço que empreendeu na luta contra a miséria, o
empenho com que se dedicou a esta causa tão nobre que foi o princípio
orientador da sua acção como rainha.
A Rainha também deu uma notável
contribuição à divulgação das artes e das letras, nomeadamente ao ter
encomendado e mandado imprimir as obras de Gil Vicente. A título de exemplo,
saliento o “Auto da Visitação”, o “Auto da Alma”, “Auto da Barca do
Inferno” e a “Auto da Barca do Purgatório”. Divulgou, igualmente, autores
estrangeiros, entre os quais posso destacar o livro de Marco Polo; o Livro
de Nicolau Veneto; Carta de um Genovês mercador; o livro do “Os actos dos
Apóstolos”, o “Bosco Deleitoso”, “O espelho de Cristina”;
PV - Sim, sem dúvida! Já
escrevi mais três Romances Históricos, depois de ter escrito este sobre D.
Leonor, mas nenhum deles versa sobre outra rainha. Estas obras estão para
apreciação da minha editora e espero que sejam editadas brevemente.
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