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sexta-feira, 2 de junho de 2017

OPINIÃO | Livros que nos fazem água na boca | MARGARIDA VERÍSSIMO


Pelo título que escolhi poderia parecer que falo de livros de culinária, daqueles cheios de receitas e principalmente fotos de deliciosas e suculentas iguarias, doces ou salgadas, daqueles que nos dão uma vontade enorme de ir a correr saciar uma fome repentina…e que nos fazem meter à boca o primeiro alimento que se atravessar no nosso caminho.

Mas não. Os livros podem (e devem) despertar os nossos sentidos, as nossas emoções. Adquiri um gosto especial por livros que me despertam os sentidos do paladar e do olfato. Livros cuja história e personagens se envolvem de cheiros, sabores, em confeções de refeições, de aromas. Por vezes as descrições são tão pormenorizadas e as evocações aos aromas são tão intensas que as nossas papilas gustativas entram em ação reconhecem e sentem de imediato as substâncias descritas. Situações há em que se faz a descrição de aromas ou sabores que não conhecemos totalmente e então entra também em ação a nossa imaginação e já nos estamos a ver como chefes de renome no ato criativo de uma nova iguaria.

O livro que me despertou completamente estes sentidos e que me fez querer persistir na procura de livros que o continuassem a fazer foi “Como água para chocolate” da Laura Esquivel.

Descobri Joanne Harris com “O vinho mágico”. Não, não foi com “chocolate” por incrível que pareça, eu que tanto gosto de chocolate. A autora é mestre no que diz respeito em nos despertar os sentidos do paladar e do olfato e como tal lá vou alternando os seus livros com outros menos sensoriais. Recordo “Cinco quartos de laranja” e “O aroma das especiarias”.

Há alguns livros, sem que tivesse de antemão qualquer referência, que, ou pelo título sugestivo ou pela sua descrição me levaram a que os adquirisse e se revelaram agradáveis surpresas. Deles destaco “Onde crescem limas não nascem laranjas” de Amanda Smyth, “A viagem dos cem passos” de Richard Morais e “Ingredientes para o amor” de Erica Bauermeister.

Mas falar de livros sensoriais e não referir “O perfume” de Patrick Suskind é impensável. “O perfume” é O livro! Como adorei este livro! É simplesmente genial. Quando derretida olho cheia de amor para os meus filhos e penso “Gosto tanto deles que só me apetece trincar” lembro-me logo deste livro….








Autora
Margarida Veríssimo

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