Portugal,
um país não muito extenso, é de facto muito diversificado em cultura e política; línguas, raças, cores e religiões; clima, etc.
Em cultura, porque a nossa cultura é
riquíssima. Não esqueço do que um importante cantor americano, inspirado pelos
passeios que deu na cidade de Lisboa, disse quando esteve em Portugal à uns
anos atrás, “...a cultura deste país respira-se e sente-se, pois está
impregnada no oxigénio e na estrutura das casas...” e gesticulando pouco mais
conseguiu argumentar.
Segundo me parece foi a primeira vez que cá esteve, no
entanto teve sensibilidade suficiente para sentir a nossa cultura que, diga-se
de passagem, a maior parte de nós, pouco valor lhe dá.
Em línguas, raças e religiões,
porque temos tantos imigrantes, de tantos locais do Mundo, que acaba por nos
dar uma panóplia de línguas que se vão diluindo na nossa. De raças de várias cores que também se vão misturando e,
com o passar do tempo acabará por ficar a raça “morena” que é a mistura dos
africanos, dos indianos, e dos brancos.
Obrigatoriamente
nesta “mistura” ter-se-á que falar da diversidade das religiões.
Felizmente,
vivemos num país onde o acolhimento de diversas correntes de pensamento ou opinião e consequente liberdade de expressão e confronto dessas
mesmas ideias, dá-nos o direito de exprimir livremente, quer através da palavra
ou imagem, já que temos como pilar absoluto dos sistemas democráticos o
pluralismo que nos garante essa mesma liberdade de expressão, porque a
democracia pluralista assenta no respeito das várias ideias e correntes, quer
seja na política, na religião ou na cultura.
A maioria dos portugueses identificam-se como católicos, mas não me parece que sejam
praticantes. Casam pela igreja porque é uma cerimónia muito bonita e, depois
fazem o baptizado dos seus filhos pela mesma razão.
Os padres católicos ainda têm um grande poder nas
regiões do interior do país, “põem e dispõem” na vida das pessoas menos
informadas, e onde existe maior quantidade de idosos que foram educados segundo
aquela religião. Segundo a religião católica não se pode comer carne uns dias
antes da Páscoa, mas se se pagar a “bula” ao padre já podem comer carne à
vontade. Um padre não é Deus, e que religião é esta que ensina as pessoas a
viverem amedrontadas com medo de pecar. Que depois se vão confessar ao padre
que lhes diz para rezar não sei quantas Ave-Marias e Pais-nossos e pronto ficam
livres do pecado?!...eu fui baptizada pela igreja já tinha doze anos, e no
mesmo dia fiz a primeira comunhão. Não estou arrependida, mas nunca me
confessei ao padre, via os miúdos todos a fazerem fila para se confessarem e
pensava para mim, “mas o que é que eles dizem ao padre?!”, perguntavam-me se eu
não me confessava, eu respondia que não, sabia lá o que é que havia de dizer ao
padre, e não ia.
Não acredito,
que Jesus à 2000 anos atrás, tenha falado sobre proibições, obrigações,
vergonha, inferno ou castigo. As pessoas
confundem devoção com obrigação. Tudo o que Jesus possa ter exemplificado ou
dito, não foi para tolher a alma humana e sim para realça-la, exubera-la e
enaltecê-la. Ao longo da história sempre houve quem se serviu do nome de Jesus
para maltratar, castigar, entristecer, utilizando o Seu nome para escamotear
desejos próprios e vãos. Tudo o que Jesus possa ter dito deve resumir-se à
frequência da Vida do Amor e da Alma, acredito que tenha sacrificado a Sua vida
por essa boa causa, só assim faz sentido esse mesmo sacrifico.
A
Constituição Portuguesa garante liberdade religiosa total, mas a igualdade
entre religiões é contrariada pela existência da Concordata que dá benefícios
específicos à Igreja católica. Apesar de a Igreja Católica ter um grande peso a
nível social e político, já começamos a ver que, lentamente, essa importância
tem cada vez menos peso...
Temos também
os Evangélicos, que se dividem em
várias categorias, que vão desde igrejas Pentecostais a igrejas mais
conservadoras. Das mais importantes destacam-se a Igreja dos Irmãos, Assembleia
de Deus, Baptistas e Igrejas Independentes. Algumas igrejas evangélicas em
Portugal associam-se à entidade representativa das mesmas que é a Aliança
Evangélica Portuguesa.
Temos também as Testemunhas de Jeová. Durante
um ano, todos os domingos de manhã iam a minha casa para me darem a lição,
mesmo sabendo desde sempre, que eu não iria converter-me. Admiro a união e
solidariedade que as testemunhas de Jeová praticam entre eles. Alguém que não
pratique a religião deles, mas que por algum motivo lhes peça ajuda, eles não
negam essa ajuda. Esta religião está presente em Portugal desde 1925. A Associação das
Testemunhas de Jeová foi oficializada em 1974.
Falando do Judaísmo,
a comunidade judaica conseguiu manter-se até à actualidade, apesar de em 1496,
por decreto do Rei D. Manuel I, lhes ter dado ordem de expulsão. Muitos foram
obrigados a converterem-se ao catolicismo, outros foram presos com consequentes
penas decretadas pela Inquisição portuguesa. Apesar de toda a perseguição e
massacre de que sempre foram vítimas, os judeus sempre foram persistentes nas
suas convicções, nas suas crenças.
Existem ainda outras religiões, na sua maioria, com
base em descendentes de imigrantes, os islâmicos
e hindus que têm os espíritas, gnósticos e budistas. Na
minha opinião o budismo vem originariamente do Tibete. Convém esclarecer que o
budismo não é uma religião mas sim um modo de vida. Os budistas são de opinião
que devemos seguir “o caminho do meio”, o que me parece, o equivalente aos
nossos ditados populares “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”, “Nem oito nem
oitenta” e ainda “No meio é que está a virtude”.
Quanto a mim todas as religiões têm um pouco de
“verdade”, nem todas estão completamente certas, nem todas estão completamente
erradas. Presentemente tenho uma grande tendência para escolher o “caminho do
meio” ou seguir a máxima “não fazer aos outros o que não gosto que me façam”.
Todos nós, que nos encontramos no planeta terra,
temos algo para aprender e evoluir, senão não estaríamos por aqui. Perante Deus
somos todos iguais.
Autora
Mafalda Pascoal
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