sábado, 29 de julho de 2017

OPINIÃO | O Feminismo é a Pior Coisa que já Aconteceu às Mulheres | ANA KANDSMAR

Os movimentos feministas pretendem acabar com a definição de género. Não querem que homens e mulheres continuem a ser chamados de homens e mulheres, passando dessa forma, a ser usado por todos o mesmo denominador comum: Humanos. Apenas.

Por mais que a ideia possa agradar às feministas de plantão, a mim arrepia-me. Insurge-me numa revolta contra quem, sendo mulher, se prejudica deliberadamente. (Tanto ou mais do que homens comandados por excesso de brio na sua masculinidade e má vontade). Nunca percebi muito bem a razão de existirem os movimentos feministas. Não foi graças a eles que as mulheres conquistaram por exemplo o tão afamado direito ao voto ou a frequência nas universidades. Ele já existia antes dos primeiros movimentos dos anos 60. 

O feminismo não emancipou a mulher. Na verdade, o feminismo prejudicou a mulher ao colocá-lo numa prisão de pensamento negativo e ao promover um beco sem saída de promiscuidade.

O feminismo roubou às mulheres a tendência natural de colocar a família e o casamento - a parte mais significativa da sua existência e pilar de uma sociedade coesa e saudável - no centro das suas vidas. Em vez disso, o feminismo actual envergonha as mulheres e força-as a acreditar que o materialismo da sua carreira deve ser colocado em primeiro lugar. Deve ser o centro. O foco principal. Onde é que isso nos trouxe? Famílias monoparentais às carradas? Famílias desestruturadas, problemáticas, arruinadas?

Um dos objectivos não-declarados do feminismo é gerar nos homens sentimentos de culpa por estes considerarem algumas mulheres mais bonitas que outras. As feministas, que se encontram na secção mais feia do espectro da beleza feminina, (e desculpem-me as feministas que não têm culpa de serem feias, mas que na sua larga maioria o são, são. Temos pena), querem redefinir o conceito de beleza de modo a que elas sejam consideradas tão meritórias como as mulheres que são genuinamente bonitas.

Ao mesmo tempo que as mulheres (desproporcionalmente lésbicas) da elite feminista se dedicam a fazer uma lavagem cerebral à população idiotizada, elas vão sendo bem sucedidas em enganar as mulheres de modo a que estas se tornem vítimas das tendências narcisistas que se encontram no seu ADN privilegiado. Quando as mulheres dão início ao processo de auto-destruição estético não encontram qualquer tipo de resistência por parte da cultura.

É claro que todas as mulheres merecem ser alvo do desejo e admiração dos homens. A sedução é um jogo que todas queremos jogar, mas como será isso possível deixando crescer os pêlos nas axilas, promovendo o descuido com a aparência, eliminando da vida de milhões de mulheres os cuidados básicos com o corpo, (depilação, maquilhagem, roupas femininas que nos acentuam as curvas e nos deixam visivelmente mais bonitas, o uso dos saltos altos que nos tornam mais elegantes, a lingerie que promove amplamente o tal jogo tão apetecido da sedução? Onde é que fica o nosso encanto se os cabelos curtos – à homem- o uso de indumentária tipicamente masculina, os corpos grosseiramente tatuados com imagens ainda mais grosseiras de caveiras, motivos grotescos e completamente desprovidos de sentido estético têm lugar comum nas nossas vidas? 

A ideia de igualdade amplamente difundida pelas feministas colocou-nos num patamar de escravização a uma existência que em nada nos dignifica. Lutemos pela igualdade de oportunidades. Basta! É o quanto basta! Lutemos pela liberdade de escolher o que nos faz felizes sem ostracizarmos as mulheres que fazem escolhas diferentes.

A mulher que quer apenas ser mãe e dona de casa deve sê-lo sem culpas, pois o trabalho de educar bem os homens e mulheres do futuro é tão importante e meritório quanto o da mulher que é directora de uma importante multinacional ou ocupa o cargo de 1ª Ministra. Ser mulher é uma dádiva que ironicamente, muitos homens parecem percebê-lo melhor do que nós.

Lembremo-nos do tempo em que nós éramos olhadas com respeito, cortejadas com verdadeiro interesse. Lembremo-nos dos tempos em que os homens nos ofereciam flores, abriam a porta para entrarmos antes deles, em casa ou no carro, e puxavam a cadeira para nos sentarmos.

Lembremo-nos que já fomos olhadas pelos homens com a exclusividade que hoje nos faz falta e que se nos faz falta essa exclusividade é porque hoje, graças aos movimentos feministas somos (quer queiramos quer não) uma espécie de inovação ao jogo do toca e foge, alvos insatisfeitos da "queca mágica" e aqui minhas senhoras…tudo o que temos semeámos, regámos e colhemos.


Mulher com M grande não é feminista. É feminina.









Ana Kandsmar

sexta-feira, 28 de julho de 2017

OPINIÃO | Um Tesouro chamado Livro | MARGARIDA VERÍSSIMO

Uma das memórias de infância que recordo com um misto de carinho e orgulho é de ver frequentemente o meu pai com um livro na mão. Lá em casa sempre houve muitos livros. Não apenas livros alinhados em estantes, mas também livros pousados, entre leituras, nas mesinhas de cabeceira, no móvel do átrio de entrada, junto ao sofá…Mas é na mão do meu pai que as memórias dos livros me tocam com mais intensidade.

O meu pai aproveitava o longo percurso para o emprego em transportes públicos para ler. Suponho que também lesse na pausa do almoço, mas isso numa altura em que ainda não utilizava esse tempo de pausa no emprego para correr à beira rio… Há 40 anos ainda não se falava em trail nem em runners. Para proteger os livros das andanças diárias forrava-os com uma qualquer folha de papel usado, a reutilização do papel era um ponto de honra lá e casa, muito antes da palavra reciclar fazer parte do nosso vocabulário, por isso eu nunca sabia exatamente que livro andava a ler. Via-os na sua mão quando saíamos de manhã e nos acompanhava à escola, de autocarro. Sabia que depois de nos deixar na escola, apanharia mais 1 ou 2 autocarros e nessa altura ocuparia todo o tempo da viagem a ler. Via-os na sua mão quando, já tarde, regressava a casa. Acabava por vê-los, já sem a tosca forra, à medida que, depois de lidos, iam sendo adicionados à crescente fila de livros na estante.

Por vezes o meu pai chegava a casa com mais do que 1 livro na mão, chegava com livros já lidos e vividos e nessa altura sabia que tinha passado por algum alfarrabista. Não sei se era pelo facto dos livros andarem meio incógnitos dentro das suas ecológicas capas, se era aquela espectativa de ver quando mais um livro chegaria a nossa casa, como quem anseia ver aumentada a sua fortuna, ou se era a simples circunstância dos livros serem transportados na mão, como algo precioso que não pudesse ficar longe do toque e do alcance da mão, o certo é que o meu pai chegar a casa com um ou mais livros na mão era sempre um momento mágico que me fascinava.

Com a passagem dos anos a quantidade de livros lá por casa foi aumentando significativamente, não apenas livros do meu pai, evidentemente, a minha mãe, eu e os meus irmão também demos o nosso contributo. Como se calcula, as respetivas estantes tiveram de ser substituídas por outras maiores, até que uma das paredes da sala foi totalmente preenchida com uma, mas mesmo assim havia sempre livros em segunda fila...

Um dia, na minha pausa para o almoço, comprei mais um livro. Tenho o raro privilégio de trabalhar perto de livrarias, que frequento assiduamente. Por vezes entro apenas para ver, sentir, folhear os livros, ver as novidades, mas nesse dia, como em tantos outros, comprei mais um livro. Saí da livraria com o livro na mão pois agora os sacos têm de ser comprados… senti-me tão bem! A sensação de andar com um livro na mão é maravilhosa, sentimos que transportamos algo tão precioso que não pode ficar longe do toque e do alcance da mão. Enquanto caminhava senti o doce recordar desta memória da infância!


Gostaria que os meus filhos um dia também tenham o privilégio de ter recordações destas... vou fazendo a minha parte.
















Margarida Veríssimo

quinta-feira, 27 de julho de 2017

OPINIÃO | Ego | MAFALDA PASCOAL

O nosso ego, através da nossa mente, gosta muito de buzinar no nosso cérebro “vá, luta mais um pouco, assim vais conseguir ter roupas novas, um carro novo e se não desistires quem sabe uma casa nova...”

É ele, o ego, que comanda os nossos vícios, é ele, o ego, que manda e desmanda no nosso querer...

Tudo o que nós queremos com muita força, fiquem sabendo que é o ego, porque a nossa Alma, essa, aceita tudo o que o Universo coloca no nosso caminho...porque esse, o Universo, sabe o que é apropriado para nós a todo o instante da nossa vida...

Fiquem sabendo que a aceitação é a grande via, porque se não aceitarmos as situações menos boas em que muitas vezes nos encontramos, leva-nos à depressão e ao esgotamento...
Antes de chegarmos a esse ponto, há que agarrarmos a vida e Ser, simplesmente Ser...

E ao estarmos nesse estado de Ser, vamos sentir a nossa Alma que tem contacto directo com o nosso coração, e o nosso coração não nos engana...

O ego é quem quer, quem exige, quem aponta o dedo para nos sentirmos superiores aos outros, mas não podemos esquecer que ao apontarmos um dedo ao outro, ficam três dedos voltados para nós...

Tudo o que o ego quer através da nossa mente, é fora de nós, e nada do que existe fora de nós nos completa ou nos preenche...

A solução é voltarmo-nos para dentro de nós, sentir o nosso coração que não nos causa desconforto. Temos que aprender a gostar de nós, a sentirmo-nos bem connosco...

E gostarmos de nós próprios depende de Ser, não de fazer nem de ter...

O ego é controlo, é exigir, é ilusão, é perfeição, é julgamento, é culpa, é violência, é esforço, é bloqueio, é mentira, é medo, é insegurança, é dependência...

A Alma dá-nos paz, tranquilidade, sensibilidade, alegria, felicidade, Amor, Amor e Amor...

Aquele Amor verdadeiro que se sente pelos nossos filhos...quando se sente aquele amor sem estar à espera de nada em troca...

O Universo é perfeito. Nada por aqui é perfeito. Cabe-nos a nós discernir e fazer o que é melhor para cada um, consultando o nosso coração através do nosso pensamento, colocando vontade e acção...



           









Mafalda Pascoal


CINEMA | VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS | 27 DE JULHO


NOS Lusomundo Audiovisuais

quarta-feira, 26 de julho de 2017

CINEMA | Valerian e a Cidade dos Mil Planetas | CRÍTICA de MADALENA CONDADO

NOS CINEMAS A 27 JULHO
(NOS Lusomundo Audiovisuais)

“Valerian e a Cidade dos Mil Planetas” é Um delicioso Mundo novo ou não chegasse pela magistral mão do seu realizador.  Escrito e dirigido por Luc Besson é baseado na novela gráfica “Valerian e Laureline” publicada pela primeira vez em 1967. Mas este mundo não seria possível sem a equipa de colaboradores e produção que o tem acompanhado sempre ao longo da sua carreira.

A curiosidade do nome “…a cidade dos mil planetas” acaba por ser explicada nos primeiros minutos do filme. A partir de uma simples cápsula espacial em órbita à volta do nosso planeta vão-se juntando outras, humanas e extraterrestres, criando um fantástico mundo novo. Uma Metrópolis intergaláctica que abrangerá os mais recônditos locais do vasto espaço.

Achei fascinante o facto de não ser utilizado um cataclismo como a destruição do planeta Terra para dar continuidade à estória, pelo contrário ao afastar a “…cidade dos mil planetas” da sua órbita está a proteger a sua continuidade.

A acção começa em 2010, e em poucos minutos somos transportados para o ano de 2740. Aqui, conhecemos o Major Valerian (Dane DeHaan), agente governamental em ascensão na hierarquia da armada humana, conhecido pela sua coragem e determinação. E a Sargento Laureline (Cara Delevigne), determinada, mas acima de tudo esperançosa em encontrar o verdadeiro amor e casar-se. Recebem ordens para se dirigirem ao deserto planeta Kirian onde deverão infiltrar-se no enorme mercado extradimensional ajudados por tropas especiais onde têm como objectivo recuperar o último conversor Mül e devolvê-lo posteriormente ao centro de comando Alpha.

A partir deste momento partimos numa aventura intergaláctica, repleta de extraordinários seres, de locais de cortar a respiração (Mül – o paraíso trágico, Kirian – o planeta deserto com o seu grande mercado, Pooulong – parque aquático, Galana, Paradise Alley e ainda a Estação Espacial Alpha), diferentes dimensões, tudo complementado com a nossa própria realidade: turismo, consumismo, grandes mercados, mortes, destruição, encobrimento, poder.

Um filme que tem tanto de estranho como de maravilhoso, poderá ser considerado um fantástico filme de Verão, mas certamente num futuro próximo num clássico de culto, cujas criaturas ficarão para sempre no nosso imaginário. No meu ficarão certamente Igon Siruss e os Doghan Daguis, estes últimos um fantástico trio que vende informações a troco de recompensas com a particularidade de que se um deles for morto a informação ficará para sempre incompleta.

Este filme conta ainda com participações tão dispares e memoráveis como a de Rutger Hauer (Presidente da Federação Mundial), John Goodman (que dá a sua voz a Igon Siruss), Clive Owen (Comandante Arun Filitt), Ethan Hawke (Jolly the Pimp), Kris Wu (Sargento Reza) e Rihanna (Buble) esta última na sua primeira estreia num filme deste género.

Texto: Madalena Condado


sábado, 22 de julho de 2017

OPINIÃO | Os Bons | ANA KANDSMAR

Os bons, os maus livros e o preconceito com os autores portugueses.

Há umas semanas atrás tive o prazer de ler alguns bons livros. Sei que são bons, porque ainda hoje dou comigo a pensar no Rhenan, na Maria, na Freya, no Fion e na Maeve, sinto arrepios ao lembrar-me do Lochan e ponho-me a imaginar o que andarão eles a fazer por esta altura, quase não resistindo à tentação de abrir de novo o “Yggdrasil”, só para me certificar de que eles não andam lá por dentro a fazer muita bagunça.

A mesma sensação apanha-me quando passo pela estante e deito o olho ao “Dia Em Que Nasci”. O livro é pequeno, lê-se de uma acentada, mas é como um pastel de nata ou um daqueles “mil folhas” em miniatura: Delicioso. O Tomé, a Alice e a Ana ficaram-me para sempre numa das minhas gavetas de memórias (sim, as mulheres também têm gavetas, e eu tenho pelo menos uma só para as memórias literárias).

Perguntem-me se não me emocionei quando a Maria entrou pela primeira vez no quarto do Rhenan ou se não me indignei por causa das correntes que o pai do Tomé usava para o prender e eu dir-vos-ei que sim. Ora, quando isto acontece, quando o autor consegue transmitir emoções ao leitor, então muito provavelmente o leitor estará perante uma boa história. Sortudo!

Ando sempre atrás de boas histórias e não raramente fui (em tempos), atrás das grandes campanhas de marketing que as editoras fazem em prol das suas vendas. Pudera! A maioria dos livros que encontramos nas livrarias são importados de fora e as editoras portuguesas pagam os direitos de autor a peso d’ouro! É preciso vendê-los.

A Becca Fitzpatrick vendeu bem o Hush Hush no Canadá? (como se vender bem no Canadá se possa comparar a vender bem em Portugal). Então compra-se e depois fala-se dele até à exaustão, pagam-se lugares de destaque nas livrarias, colocam-se os exemplares mesmo ali à frente do nariz de quem entra decidido a levar o D.Quixote, ou outro qualquer, ou ainda, completamente às aranhas sem ter a mínima ideia de que livro comprar. Vê-se aquele, a capa é apelativa e… pimbas! Daí à caixa vai um “danoninho”, paga-se e leva-se para casa, para então se descobrir que o livro é uma grande merda. Assim, sem mais nem menos. Uma grande Merda! O que é verdadeiramente de bradar aos céus, é que se em vez de Becca Fitzpatrick, o nome do autor fosse Filipe Vieira Branco, ou MBarreto Condado ou…Ana Cristina Pinto, muito provavelmente estaria a ganhar mofo num canto qualquer onde ninguém chega.

Lembro-me de um outro, “ O Céu existe mesmo”, livro que a Lua de Papel, do Grupo Leya, até publicidade na televisão pagou e olhem só o que os portugueses compraram: papel higiénico encadernado, decorado com uma fila imensa de palavras. Na capa consta um selo que diz “ 3ª Edição em 15 dias! O livro sensação do ano!” Olhem que porra, claro que quando se vê isto na capa de um livro a vontade é comprar! “Bestseller nº1 do New York Times, 2 milhões de exemplares vendidos em 6 meses”. Efectivamente, este foi o título que mais vendeu em 2011, pelo menos em Portugal. Vergonha, vergonha! Quantos rolos da Renova, daqueles de luxo, dupla ou tripla folha, perfumado e com desenhos, teria eu comprado pelo mesmo valor que paguei pelo argamasso de folhas do tal Todd Burpo e mais não sei quem? O que raio nos andam a impingir para ler?

Até há uns tempos atrás eu ainda acreditava que é o público que determina o sucesso de um livro. Hoje percebo que são obviamente as editoras. São elas que escolhem o que editam e compram. Ainda antes do leitor comum decidir alguma coisa, aparecem os livreiros que escolhem o que colocam nas livrarias. E onde colocam. O lugar onde o livro está diz muito sobre as suas vendas. Se não está nos destaques ou num expositor ali mesmo à frente dos olhos, esqueçam. O pobre anda a passar um mau bocado. Não é por ser certamente um mau livro, a razão por que não está visível. As razões são sempre outras e todas se prendem aos euros, como as correntes aos tornozelos do Tomé. Quanto se ganha com o livro X ou com o livro Y? Ou mais exactamente: Quanto se perde, caso não venda?

Nós vamos por arrasto. Muitas vezes vítimas do fenómeno da carneirada. Nós, que gostamos de voar (rasteirinho) como as galinhas, mas em bando, como os gansos, repetimos o que vimos aos outros e temos muito pouco desenvolvida a nossa capacidade de análise. Vamos atrás e pronto. É mais fácil. E há coisas que em carneirada não se admitem: Dizer que afinal não era bem aquilo. Fica mal. Afinal se todos gostam, por que raio não gostei também? O problema só pode ser meu!

Bom, já não é novidade nenhuma para ninguém que o rei vai nu em mais contextos das nossas vidas do que é possível contabilizar e é se calhar por isso que hoje, pudesse eu mudar radicalmente a minha vida e tornar-me-ia eremita. Começo a cansar-me de viver entre pessoas que preferem o que parece ao que é. Termino por isso este texto a pregar aos peixes. Há bons e maus autores dentro de cada género, há bons e maus autores nas grandes e nas pequenas editoras. Mas acreditem que as hipóteses de se encontrar bons autores fora das livrarias crescem a olhos vistos, ao mesmo ritmo que os grandes grupos editoriais têm necessidade de facturar. E acima de tudo, acabem com o estigma do “se é português” não deve ser lá grande coisa. Lembrem-se do José Luis Peixoto, do José Cardoso Pires, do Luis Miguel Rocha, da Alexandra Lucas Coelho, do Miguel Torga (que ao longo da sua vida só fez edições de autor) e tantos outros que sangraram para se fazerem notar e que agora, muitos deles injustamente esquecidos para dar lugar às Noras Roberts e Erikas Leonards James deste mundo.

E acima de tudo, tenham em conta o mais importante: se o autor é português, não pertence à pandilha que aparece nas revistas cor-de-rosa, não é sequer apresentador de televisão e a editora aposta nele, então a garantia de qualidade é exponencialmente grande! Como é que sei isto? Tomem lá um exemplo: O livro do Paulo Caiado, “ Um Momento Meu”, é bom não é? Se ainda não sabem, têm bom remédio. ;)

(Adenda: Não posso terminar sem recomendar aqui alguns dos melhores livros de autores portugueses que já tive o prazer de ler e que não se encontram por aí a pulular nas livrarias. São eles: As Crónicas de Tellargya de Hélder Martins, Sonhos Roubados de Pedro Santos Vaz, Entre o silêncio das pedras de Luis Ferreira, O Dia Em Que Nasci de Filipe Vieira Branco e no meu género preferido, amei, amei, amei ,...YGGDRASiL, Profecia do Sangue de MBarreto Condado e O Erro de Deus de Carlos Queirós.


E já agora...e já agora… Facilmente encontram por aí nas Bertrands  “A Guardiã, O Livro de Jade do Céu”. Tem lá dentro um mundo inteiro. O meu.










Ana Kandsmar

sexta-feira, 21 de julho de 2017

ESCAPADINHAS | Esplendor na Relva - Cinema em Monserrate |

22 de Julho | Sábado | 21h30
A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES (VERTIGO) - 1958
de: Alfred Hitchcock
Para Maiores 12 anos no Relvado de Monserrate

Esplendor na Relva – 12 Obras-primas do Cinema em Monserrate
Um conjunto de obras-primas do cinema, que a tecnologia permite ver agora em larguíssima escala e num cenário único: um anfiteatro natural e ao ar livre, bordejado por uma moldura arquitetónica operática, que acrescentará dimensões próprias a uma esplendorosa experiência do cinema.
Locais de venda: Bilheteiras da Parques de Sintra, www.parquesdesintra.pt, , www.blueticket.pt, FNAC, Worten, El Corte Inglés, MEO Arena, Media Markt, lojas ACP, rede PAGAQUI e Turismo de Lisboa.

AgendaVertigo

O detetive aposentado John Scottie sofre de um terrível medo de alturas. Certo dia, um amigo pede a John que siga sua esposa. Ele aceita a tarefa e começa a segui-la por toda parte. Ela demonstra uma estranha atração por lugares altos, levando o detetive a enfrentar seus piores medos. John começa a acreditar que a mulher é louca, com possíveis tendências suicidas, quando algo estranho acontece nesta missão.

Informação Útil
Preço de bilhete:
– Sessões noturnas (ar livre) – 5€ adulto e 3,5€ jovens (dos 6 aos 18 anos) – Palácio estará aberto para visita;
– Sessões diurnas (auditório do Palácio) – Incluídas no bilhete da visita ao Palácio, sendo a entrada condicionada à capacidade da sala. A compra de bilhetes durante o dia para visita ao Palácio de Monserrate não dá direito a entrada gratuita nas sessões de cinema noturnas;
– A Scotturb assegura gratuitamente o transporte entre a Estação Ferroviária de Sintra (a partir das 19h15) e o Parque de Monserrate (até às 00h40) aos portadores de bilhete para o ciclo de cinema.
Capacidade dos espaços:
– Ar livre (sessões noturnas) – 500 lugares (relvado);
– Auditório do Palácio (sessões diurnas) – 60 lugares.
Notas para as sessões noturnas:
– Abertura de portas: 20h
– Serviço de cafetaria: 20h – 22h
– Aconselha-se a utilização de agasalho quente e calçado confortável;
– Aconselha-se a utilização de transportes públicos.

OPINIÃO | Bem-haja! | MARGARIDA VERÍSSIMO

Não vou fazer um relato do que é combater um incêndio, porque é disso que se trata, um combate, um combate desigual, cruel, entre homem e natureza. Não sou bombeira, ninguém da minha família o é.

Já estive próxima de fogo, mas nunca de um incêndio, nunca estive cara a cara com as labaredas que devoram tudo por onde passam, nunca olhei nos olhos a chama que engole florestas, casas e vidas. Não posso fazer um relato do sentimento que move tantos heróis anónimos deste país, e é incontestável que são heróis, como não posso descrever o que sentem nas horas infindáveis de sacrifício. Não consigo imaginar o esforço, físico e psicológico, o cansaço, o calor infernal, o ar irrespirável, o fumo, o cheiro, o que é não conseguir ver, o sentirem-se encurralados, a frustração de não conseguir fazer mais, dar mais…e eles já dão tanto, já se dão tanto!

Há situações que não são imagináveis, só estando lá, só quem as vive as conhece realmente. Acredito até que talvez nem haja vocabulário que o consiga descrever.

Eu não sei, não sei o que é, nem o consigo imaginar. O que vejo nas imagens arrepiantes que nos chegam através da comunicação social não passa disso, de imagens, distantes.

Ouvimos e lemos relatos perturbadores de quem viveu o inferno na primeira pessoa.

Impressionamo-nos, comovemo-nos, solidarizamo-nos, fazemos-lhes honras de heróis, não há dúvida que o são. Somos tocados pela sua bravura, abnegação, pela sua exaustão. 
Agradecemos.

Mas eu não sei o que é, não sou bombeira…mas tenho amigos que o são, tenho amigas que são mulheres de bombeiros, os meus filhos têm amigos que são filhos de bombeiros e o que eu sei, aquilo que, longe dos cenários dantescos, a comunicação social não mostra, é que são pessoas, com as suas vidas, a sua família, os seus empregos, os seus passatempos, mas que se necessário, se necessárias, deixam a sua família, os seus empregos e a sua vida para irem em socorro de quem necessita… e muitas vezes deixam mesmo a sua vida por lá.

Mais forte que qualquer outro sentimento, quando necessário, quando necessários, sentem o desejo de ir, é imprescindível irem, dê por onde der. Sabem que todos os braços são necessários, que um par de braços mais pode fazer a diferença e que nunca são demais.

E deixam tudo, sem olhar para trás, deixam as suas famílias, os seus maridos e mulheres, filhos e pais, esperando que regressem. Famílias que orgulhosamente sabem e carinhosamente aceitam que eles têm de ir, não que sejam obrigados, são voluntários, mas porque não conseguem deixar de ir, de ajudar, de se dar! Também estas famílias nos dão tanto. Cada partida vivida, cada ausência sofrida do seu ente querido bombeiro, na incerteza do regresso, são dádivas que nos fazem.

“Como consegues?” pergunto a uma amiga mulher de um bombeiro. Como resposta obtenho um sorriso, um sorriso sereno de quem já viveu certamente tantas horas de angústia, de incerteza, mas que sabe e aceita que o lema “vida por vida” é algo maior que a nossa dimensão humana. É o que os torna únicos, especiais…heróis! Um dia também o seu filho será bombeiro.

Também sei o que é o olhar exausto de uma colega, comandante de uma corporação, que gozou os dias de férias em cursos, ações de formação e outros afazeres específicos e necessárias para melhor desempenhar a sua função…nos bombeiros, porque a sua profissão é outra. O olhar atento e ansioso de quem passa a curta hora de almoço ao telefone a tratar de assuntos relacionados com a corporação e com ocorrências. Sentei-me ao seu lado e afinal nem conseguimos conversar, engoliu o almoço entre palavras ao telemóvel que não pode deixar de atender.

Sei o que é o olhar de raiva, desilusão, de sentido de injustiça, de inconformismo, por terem sido acusados de não terem prestado o auxílio que, compreensivelmente, era o desejado pela população em horas de aflição. Eles que estiveram lá, lá ou noutro local, onde também eram necessários. Eles que vão, que combatem, que dão tudo o que têm…que se dão. Sei ainda o que é o olhar esgotado de quem esteve horas ou dias a combater um incêndio e teve de ir diretamente para o emprego, só são justificadas as ausências ao serviço durante o tempo efetivo de combate ao incêndio.

Mas sei também como brilha uma chama única de amor imenso no olhar de quem tanto se dá aos outros! Bem-haja!


Nota: Optei pela expressão bem-haja, que raramente uso, porque é aqui que a oiço, nesta terra onde tenho o privilégio de conviver com bombeiros.

Nota 2: Neste texto refiro-me à minha família direta, sei que tenho primos mais afastados que são ou foram bombeiros. Bem-haja também para eles.















Margarida Veríssimo

quinta-feira, 20 de julho de 2017

ESCAPADINHAS | Esplendor na Relva - Cinema em Monserrate | JOHNNY GUITAR

21 de Julho | Sexta-Feira | 21h30
JOHNNY GUITAR - 1954
de: Nicholas Ray
Para Maiores 12 anos no Relvado de Monserrate

Esplendor na Relva – 12 Obras-primas do Cinema em Monserrate
Um conjunto de obras-primas do cinema, que a tecnologia permite ver agora em larguíssima escala e num cenário único: um anfiteatro natural e ao ar livre, bordejado por uma moldura arquitetónica operática, que acrescentará dimensões próprias a uma esplendorosa experiência do cinema.
Locais de venda: Bilheteiras da Parques de Sintra, www.parquesdesintra.pt, , www.blueticket.pt, FNAC, Worten, El Corte Inglés, MEO Arena, Media Markt, lojas ACP, rede PAGAQUI e Turismo de Lisboa.

AgendaJonhyG

Vienna, a dona de um bar no Arizona, conta com a ajuda de um velho amor, o violeiro Johnny Guitar, para enfrentar o xerife local e os capangas de sua inimiga mortal: Emma, uma fazendeira que a quer fora da cidade.


Informação Útil
Preço de bilhete:
– Sessões noturnas (ar livre) – 5€ adulto e 3,5€ jovens (dos 6 aos 18 anos) – Palácio estará aberto para visita;
– Sessões diurnas (auditório do Palácio) – Incluídas no bilhete da visita ao Palácio, sendo a entrada condicionada à capacidade da sala. A compra de bilhetes durante o dia para visita ao Palácio de Monserrate não dá direito a entrada gratuita nas sessões de cinema noturnas;
– A Scotturb assegura gratuitamente o transporte entre a Estação Ferroviária de Sintra (a partir das 19h15) e o Parque de Monserrate (até às 00h40) aos portadores de bilhete para o ciclo de cinema.
Capacidade dos espaços:
– Ar livre (sessões noturnas) – 500 lugares (relvado);
– Auditório do Palácio (sessões diurnas) – 60 lugares.

Notas para as sessões noturnas:
– Abertura de portas: 20h
– Serviço de cafetaria: 20h – 22h
– Aconselha-se a utilização de agasalho quente e calçado confortável;
– Aconselha-se a utilização de transportes públicos.

OPINIÃO | Energias Alternativas | MAFALDA PASCOAL

Fontes de energia como o vento e a água distinguem-se, fundamentalmente em dois pontos, das actualmente utilizadas e que estarão esgotadas a médio prazo; são de certo modo inesgotáveis, pois renovam-se permanentemente sem a intervenção do homem, a sua utilização não acarreta riscos de maior para todos nós nem para o meio ambiente.

A energia hidráulica, que muitas vezes é considerada como modelo de fonte de energia inofensiva, não é das que poupam mais o ambiente. Se bem que a produção de electricidade a partir da energia hidráulica não dê origem a substâncias nocivas nem haja libertação de calor, a construção de grandes centrais hidroeléctricas está frequentemente associada a importantes prejuízos causados na paisagem. Os efeitos sobre o meio ambiente vão desde o abaixamento do nível freático a jusante das barragens (devido à acentuada erosão dos rios em profundidade), até aos tremores de Terra desencadeados artificialmente (provocados pelo acumular das massas de água). Desde que estas consequências sejam minoradas, as reservas de energia hidráulica do nosso planeta continuam a proporcionar amplo espaço de manobra para futuras utilizações. Com a construção de novas centrais hidroeléctricas, pode duplicar-se facilmente a produção total de energia na Terra.

As vastas perspectivas que se abrem com a utilização da energia eólica, pelo contrário, continuam praticamente por explorar em quase todos os países do mundo. No entanto, a reserva tecnicamente útil de energia eólica é muito superior à da energia hidráulica. Como diz no livro “Esta Terra Magnifica” (Selecções do Reader’s Digest), “As ilhas e as faixas costeiras são claramente favorecidas pela Natureza no que respeita a este tipo de energia."

Ao fim e ao cabo, as energias, hidráulica e eólica não são mais do que formas especiais de energia solar, pois os grandes ciclos de água e do ar são accionados por esta. No entanto, geralmente, quando se procede a cálculos, a produção de energia pelos raios solares é considerada separadamente. A energia solar é, de longe, a mais produtiva fonte de energia da Terra e todas as outras juntas, inclusive a geométrica e a das marés, apenas perfazem uma pequena fracção daquela.

Quando se fala da utilização de energia solar como fonte de energia não poluente, pensa-se geralmente na transformação dos raios solares em calor ou electricidade graças a uma técnica que, em parte, é bastante complicada. No entanto, a energia solar também é aproveitada por via biológica para formação de biomassa, facto que as plantas verdes demonstram há milhões de anos.

A biomassa vegetal contém, uma fracção de energia solar armazenada, constituindo por isso também uma fonte de energia. Para a produção da chamada bioenergia podem ser aproveitados os resíduos agrícolas e silvícolas. Esta fonte de energia é usada na China há muitos anos, por isso não é excepção, hoje em dia, os camponeses produzirem biogás a partir do estrume.

Em muitos países, os colectores solares simples que aquecem a água para os banhos ou duches são hoje em dia tão vulgares como as calculadoras de bolso alimentadas a células solares.

Já temos no nosso país, em Brinches perto de Serpa no Alentejo, a maior central solar (fotovoltaica) do mundo. Mas para as centrais solares se tornarem rentáveis, é necessário descobrir novos processos de armazenamento e transmissão de energia. O principal problema na utilização de energia solar não reside na quantidade de energia recebida na superfície terrestre ser demasiado pequena, mas antes no facto de o Sol descurar determinadas regiões e certas estações do ano. Uma das maneiras de resolver este problema poderia ser a de colocar em orbita enormes espelhos côncavos que focassem na Terra, em áreas precisas, os raios do Sol.

Outra situação relacionada com energias alternativas, de acordo com um artigo publicado no semanário Focus de 26/11/08 com o título “Gasóleo que cresce nas árvores”, este artigo foi baseado num outro artigo publicado na edição de Novembro na revista Microbiology. É deveras interessante o que o professor de botânica Gary Strobel com 70 anos de idade descobriu, como ele “dedica uma boa parte do seu tempo a percorrer bosques e selvas tropicais do Planeta, procurando plantas e vegetais que possam conter micróbios benéficos para o ser humano.” Este senhor que já tinha descoberto um fungo, em 1993, que produzia de forma natural, taxol, que é um “poderoso fármaco anticancro que se converteu num verdadeiro salva-vidas para muitas mulheres com cancro da mama”, veio agora com a descoberta de outro fungo “que tem a capacidade de produzir uma série de hidrocarbonetos praticamente idênticos aos do gasóleo.”

A ser verdade, o “microdiesel”, assim lhe chama Strobel, “cresce fácil e naturalmente sobre a celulose, produzindo o combustível directamente a partir dela.”

Portanto, neste nosso Planeta ainda existe muita coisa que está por descobrir, talvez porque ainda não chegou o momento para essa descoberta, talvez porque a nossa mentalidade ainda não está preparada para situações tão rebuscadas.


Enfim, como disse o Bocage, quando lhe perguntaram porque trazia um tecido dobrado às costas “estou à espera da última moda!”.












Mafalda Pascoal