Toda a escrita, falada ou mantida num computador, é
uma forma codificada de linguagem. A linguagem em que o ADN codifica as
instruções para o fabrico de proteínas (o código genético), é
extraordinariamente simples. Cada filamento de dupla hélice é uma cadeia de
subunidades químicas ligadas, sendo a ordem destas subunidades ao longo do
filamento de ADN o que constitui o código genético.
O ADN é o arquivo de informação permanente de uma
célula e nunca sai do núcleo. A sua função é armazenar com segurança o plano
genético e transmiti-lo sem alterações de célula para célula e de geração em
geração.
Uma única célula humana contém 4m de ADN (acido
desoxirribonucleico), acondicionados dentro de um núcleo com apenas cinco
milionésimos de milímetro de diâmetro. Nesta massa de fios emaranhados está
contida toda a informação necessária para produzir um ser humano.
O ADN dirige o desenvolvimento e mantém a vida de
um organismo dando instruções às células para fabricarem proteínas, as moléculas
versáteis de que toda a vida depende.
O ADN da célula é uma grande biblioteca de comandos
codificados: as moléculas longas são arrumadas em cromossomas, nos quais os
genes estão organizados como contas num colar.
Visto com um microscópio pouco potente, um
cromossoma de uma célula em divisão tem uma forma simples de uma cruz1 que
sublinha o modo complexo mas elegante como está «empacotado» o ADN. A ampliação
de uma pequena secção2 mostra um filamento de cromatina apertadamente enrolado,
constituída por ADN intimamente ligado à proteína.
Uma ampliação maior de um segmento de cromatina3
mostra que é uma espiral apertada de cromómeros, subunidades semelhantes a
contas, compostas por um grânulo de proteína envolto pela molécula de ADN4. O
grânulo de proteína tem uma carga positiva, que lhe permite ligar-se à molécula
de ADN de carga negativa5, com a sua estrutura em dupla hélice. É fundamental
para a organização da célula que o ADN esteja condensado. Se não o estivesse, a
dupla hélice do ADN ocuparia milhares de vezes mais espaço. Ao arrumar o ADN em
feixes compactos, a célula consegue manobrá-lo muito melhor, desenrolando
algumas partes quando os genes nelas contidos são necessários.
O crescimento de um organismo, o seu aspecto e o
seu funcionamento diário são, em última analise, controlados pelos genes, as
instruções biológicas codificadas em cada célula do seu corpo. Os genes
conseguem fazer isto através do controlo de tipos e quantidades de proteínas
produzidas em cada célula do corpo. São as próprias moléculas de proteínas que
formam as estruturas e a mecânica do corpo.
O aspecto e o comportamento final de um organismo
são determinados simultaneamente pelos seus genes e por uma variedade
impossível de conhecer, de influências exteriores, incluindo a quantidade de
comida que come, o clima em que vive e se sofreu de alguma doença ou ferimento,
durante o desenvolvimento. Mas só as características directamente determinadas
pelos genes podem ser herdadas.
As sementes de alguns alguns alimentos
transgénicos, são geneticamente modificadas em laboratório para as plantas
poderem resistir às pragas de insectos e a grandes quantidades de pesticidas.
Por outro lado, podem causar riscos ambientais, na medida em que as ervas
daninhas ficam mais resistentes aos herbicidas, os lençóis de água ficam
poluídos com produtos tóxicos advindos dessas modificações e o solo vai
perdendo a fertilidade, entre outros riscos. Em relação à saúde também não
favorece muito, pois alguns destes alimentos contêm genes que são resistentes
aos antibióticos, provocam alterações no sistema imunológico e em vários órgãos
vitais, também provoca alergias entre outros sintomas. Seria bom que não
consumíssemos alimentos transgénicos pois dessa forma ajudávamos a evitar que
fossem plantados e ajudávamos a proteger a saúde e o meio ambiente.
Agora uma boa notícia recente, finalmente foi criada a base de dados
portuguesa de perfis de ADN para identificação civil criminal. Esperemos que
agora seja um pouco mais fácil apanhar os criminosos, pois o Instituto
Nacional de Medicina Legal (INML) está agora apto a recolher a informação
genética de todos os condenados por crimes com penas de prisão concreta igual
ou superior a três anos de prisão. Desta forma será possível fazer
identificações de pessoas desaparecidas e recolher amostras de cadáveres, já
que acontecia amiúde cadáveres serem enterrados sem ser possível
identificá-los, assim, cruzando os perfis genéticos com os pedidos da polícia
ou de famílias de desaparecidos poderá haver menos corpos por identificar e
menos crimes por resolver especialmente no caso de crimes que tenham deixado
vestígios biológicos como sangue ou esperma. Portanto, sendo “um instrumento
essencial à investigação criminal, pelo qual nos vínhamos batendo há vários
anos", como disse ao jornal o Público o presidente do INML, Duarte Nuno
Vieira, aplaude de pé (e nós também) a criação desta base genética.
Mafalda Pascoal
Sem comentários:
Enviar um comentário