Fontes de energia como
o vento e a água distinguem-se, fundamentalmente em dois pontos, das
actualmente utilizadas e que estarão esgotadas a médio prazo; são de certo modo
inesgotáveis, pois renovam-se permanentemente sem a intervenção do homem, a sua
utilização não acarreta riscos de maior para todos nós nem para o meio
ambiente.
A energia hidráulica,
que muitas vezes é considerada como modelo de fonte de energia inofensiva, não
é das que poupam mais o ambiente. Se bem que a produção de electricidade a
partir da energia hidráulica não dê origem a substâncias nocivas nem haja
libertação de calor, a construção de grandes centrais hidroeléctricas está
frequentemente associada a importantes prejuízos causados na paisagem. Os
efeitos sobre o meio ambiente vão desde o abaixamento do nível freático a
jusante das barragens (devido à acentuada erosão dos rios em profundidade), até
aos tremores de Terra desencadeados artificialmente (provocados pelo acumular
das massas de água). Desde que estas consequências sejam minoradas, as reservas
de energia hidráulica do nosso planeta continuam a proporcionar amplo espaço de
manobra para futuras utilizações. Com a construção de novas centrais
hidroeléctricas, pode duplicar-se facilmente a produção total de energia na
Terra.
As vastas perspectivas
que se abrem com a utilização da energia eólica, pelo contrário, continuam
praticamente por explorar em quase todos os países do mundo. No entanto, a
reserva tecnicamente útil de energia eólica é muito superior à da energia
hidráulica. Como diz no livro “Esta Terra Magnifica” (Selecções do Reader’s
Digest), “As ilhas e as faixas costeiras são claramente favorecidas pela
Natureza no que respeita a este tipo de energia."
Ao fim e ao cabo, as
energias, hidráulica e eólica não são mais do que formas especiais de energia
solar, pois os grandes ciclos de água e do ar são accionados por esta. No
entanto, geralmente, quando se procede a cálculos, a produção de energia pelos
raios solares é considerada separadamente. A energia solar é, de longe, a mais
produtiva fonte de energia da Terra e todas as outras juntas, inclusive a
geométrica e a das marés, apenas perfazem uma pequena fracção daquela.
Quando se fala da
utilização de energia solar como fonte de energia não poluente, pensa-se
geralmente na transformação dos raios solares em calor ou electricidade graças
a uma técnica que, em parte, é bastante complicada. No entanto, a energia solar
também é aproveitada por via biológica para formação de biomassa, facto que as
plantas verdes demonstram há milhões de anos.
A biomassa vegetal
contém, uma fracção de energia solar armazenada, constituindo por isso também
uma fonte de energia. Para a produção da chamada bioenergia podem ser
aproveitados os resíduos agrícolas e silvícolas. Esta fonte de energia é usada
na China há muitos anos, por isso não é excepção, hoje em dia, os camponeses
produzirem biogás a partir do estrume.
Em muitos países, os
colectores solares simples que aquecem a água para os banhos ou duches são hoje
em dia tão vulgares como as calculadoras de bolso alimentadas a células
solares.
Já temos no nosso país,
em Brinches perto de Serpa no Alentejo, a maior central solar (fotovoltaica) do
mundo. Mas para as centrais solares se tornarem rentáveis, é necessário
descobrir novos processos de armazenamento e transmissão de energia. O
principal problema na utilização de energia solar não reside na quantidade de
energia recebida na superfície terrestre ser demasiado pequena, mas antes no
facto de o Sol descurar determinadas regiões e certas estações do ano. Uma das
maneiras de resolver este problema poderia ser a de colocar em orbita enormes
espelhos côncavos que focassem na Terra, em áreas precisas, os raios do Sol.
Outra situação
relacionada com energias alternativas, de acordo com um artigo publicado no
semanário Focus de 26/11/08 com o título “Gasóleo que cresce nas árvores”, este
artigo foi baseado num outro artigo publicado na edição de Novembro na revista
Microbiology. É deveras interessante o que o professor de botânica Gary Strobel
com 70 anos de idade descobriu, como ele “dedica uma boa parte do seu tempo a
percorrer bosques e selvas tropicais do Planeta, procurando plantas e vegetais
que possam conter micróbios benéficos para o ser humano.” Este senhor que já
tinha descoberto um fungo, em 1993, que produzia de forma natural, taxol, que é
um “poderoso fármaco anticancro que se converteu num verdadeiro salva-vidas
para muitas mulheres com cancro da mama”, veio agora com a descoberta de outro
fungo “que tem a capacidade de produzir uma série de hidrocarbonetos
praticamente idênticos aos do gasóleo.”
A ser verdade, o
“microdiesel”, assim lhe chama Strobel, “cresce fácil e naturalmente sobre a
celulose, produzindo o combustível directamente a partir dela.”
Portanto, neste nosso Planeta ainda existe muita
coisa que está por descobrir, talvez porque ainda não chegou o momento para
essa descoberta, talvez porque a nossa mentalidade ainda não está preparada
para situações tão rebuscadas.
Enfim, como disse o
Bocage, quando lhe perguntaram porque trazia um tecido dobrado às costas “estou
à espera da última moda!”.
Mafalda Pascoal
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