quinta-feira, 20 de julho de 2017

OPINIÃO | Energias Alternativas | MAFALDA PASCOAL

Fontes de energia como o vento e a água distinguem-se, fundamentalmente em dois pontos, das actualmente utilizadas e que estarão esgotadas a médio prazo; são de certo modo inesgotáveis, pois renovam-se permanentemente sem a intervenção do homem, a sua utilização não acarreta riscos de maior para todos nós nem para o meio ambiente.

A energia hidráulica, que muitas vezes é considerada como modelo de fonte de energia inofensiva, não é das que poupam mais o ambiente. Se bem que a produção de electricidade a partir da energia hidráulica não dê origem a substâncias nocivas nem haja libertação de calor, a construção de grandes centrais hidroeléctricas está frequentemente associada a importantes prejuízos causados na paisagem. Os efeitos sobre o meio ambiente vão desde o abaixamento do nível freático a jusante das barragens (devido à acentuada erosão dos rios em profundidade), até aos tremores de Terra desencadeados artificialmente (provocados pelo acumular das massas de água). Desde que estas consequências sejam minoradas, as reservas de energia hidráulica do nosso planeta continuam a proporcionar amplo espaço de manobra para futuras utilizações. Com a construção de novas centrais hidroeléctricas, pode duplicar-se facilmente a produção total de energia na Terra.

As vastas perspectivas que se abrem com a utilização da energia eólica, pelo contrário, continuam praticamente por explorar em quase todos os países do mundo. No entanto, a reserva tecnicamente útil de energia eólica é muito superior à da energia hidráulica. Como diz no livro “Esta Terra Magnifica” (Selecções do Reader’s Digest), “As ilhas e as faixas costeiras são claramente favorecidas pela Natureza no que respeita a este tipo de energia."

Ao fim e ao cabo, as energias, hidráulica e eólica não são mais do que formas especiais de energia solar, pois os grandes ciclos de água e do ar são accionados por esta. No entanto, geralmente, quando se procede a cálculos, a produção de energia pelos raios solares é considerada separadamente. A energia solar é, de longe, a mais produtiva fonte de energia da Terra e todas as outras juntas, inclusive a geométrica e a das marés, apenas perfazem uma pequena fracção daquela.

Quando se fala da utilização de energia solar como fonte de energia não poluente, pensa-se geralmente na transformação dos raios solares em calor ou electricidade graças a uma técnica que, em parte, é bastante complicada. No entanto, a energia solar também é aproveitada por via biológica para formação de biomassa, facto que as plantas verdes demonstram há milhões de anos.

A biomassa vegetal contém, uma fracção de energia solar armazenada, constituindo por isso também uma fonte de energia. Para a produção da chamada bioenergia podem ser aproveitados os resíduos agrícolas e silvícolas. Esta fonte de energia é usada na China há muitos anos, por isso não é excepção, hoje em dia, os camponeses produzirem biogás a partir do estrume.

Em muitos países, os colectores solares simples que aquecem a água para os banhos ou duches são hoje em dia tão vulgares como as calculadoras de bolso alimentadas a células solares.

Já temos no nosso país, em Brinches perto de Serpa no Alentejo, a maior central solar (fotovoltaica) do mundo. Mas para as centrais solares se tornarem rentáveis, é necessário descobrir novos processos de armazenamento e transmissão de energia. O principal problema na utilização de energia solar não reside na quantidade de energia recebida na superfície terrestre ser demasiado pequena, mas antes no facto de o Sol descurar determinadas regiões e certas estações do ano. Uma das maneiras de resolver este problema poderia ser a de colocar em orbita enormes espelhos côncavos que focassem na Terra, em áreas precisas, os raios do Sol.

Outra situação relacionada com energias alternativas, de acordo com um artigo publicado no semanário Focus de 26/11/08 com o título “Gasóleo que cresce nas árvores”, este artigo foi baseado num outro artigo publicado na edição de Novembro na revista Microbiology. É deveras interessante o que o professor de botânica Gary Strobel com 70 anos de idade descobriu, como ele “dedica uma boa parte do seu tempo a percorrer bosques e selvas tropicais do Planeta, procurando plantas e vegetais que possam conter micróbios benéficos para o ser humano.” Este senhor que já tinha descoberto um fungo, em 1993, que produzia de forma natural, taxol, que é um “poderoso fármaco anticancro que se converteu num verdadeiro salva-vidas para muitas mulheres com cancro da mama”, veio agora com a descoberta de outro fungo “que tem a capacidade de produzir uma série de hidrocarbonetos praticamente idênticos aos do gasóleo.”

A ser verdade, o “microdiesel”, assim lhe chama Strobel, “cresce fácil e naturalmente sobre a celulose, produzindo o combustível directamente a partir dela.”

Portanto, neste nosso Planeta ainda existe muita coisa que está por descobrir, talvez porque ainda não chegou o momento para essa descoberta, talvez porque a nossa mentalidade ainda não está preparada para situações tão rebuscadas.


Enfim, como disse o Bocage, quando lhe perguntaram porque trazia um tecido dobrado às costas “estou à espera da última moda!”.












Mafalda Pascoal

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