domingo, 3 de setembro de 2017

LITERATURA | À conversa com a autora Anita dos Santos

“Escrevo simplesmente aquilo que a alma me  diz para escrever.”

Foi com grande satisfação que a autora Anita dos Santos aceitou o meu convite para falar um pouco sobre os mundos fantásticos em que se move. Das suas personagens, mas principalmente dela mesma e do que nos prepara para breve.

Conhecia-a no lançamento do seu segundo livro “A Cidade das Brumas”, um momento deveras esclarecedor da sua personalidade. Só para terem ideia do que preparou para esse dia deixo-vos aqui um excerto desse momento: “Final de uma tarde outonal, café literário da Chiado Editora na Avenida da Liberdade, com sala cheia. Envelopes azuis estrategicamente colocados nas costas de algumas cadeiras, que mais tarde seriam lidos pela assistência. Imagens de árvores colocadas nas paredes a toda a volta da sala, não deixando de ser curiosidade que todos os Druidas dos livros da Anita têm nomes de árvores. Terminando com um pequeno teatro em que a autora leu excertos do seu novo livro contando com a colaboração dos leitores presentes na sala.”

A Anita é isto e muito mais. Por acreditar que devemos dar voz a todos os novos autores do nosso panorama literário, gostava de vos convidar a visitar a página da autora e principalmente a lerem as “Crónicas de André e Vicente”.

Bem-vindos a mais um mundo fantástico onde tudo é possível acontecer e onde a amizade é a palavra mágica.


Texto: MBarreto Condado
Foto: Anita dos Santos














MBC – Quem é a Anita dos Santos?

AS - A Anita dos Santos faz parte de mim, enquanto Anita Maria, é uma das minhas facetas e, nasceu quando consegui editar O Bosque dos Murmúrios.
Desde sempre fui apaixonada pela leitura, por livros. Em jovem comecei por andar com um caderno onde escrevia a eito e, quando a vontade chegava. Depois a vida, o trabalho acima de tudo, roubaram-me o tempo para pensar em escrever. Mas tudo tem a sua altura na vida e, o momento de recomeçar a escrever chegou agora.
A Anita é uma pessoa alegre, tímida até certo ponto, tem mais facilidade em escrever do que em falar, para ela a família está sempre em primeiro lugar. Fui sempre apaixonada por animais e, uma das coisas de que desfruto vivendo na Ericeira, é o maior contacto com a vida silvestre e, que fazem parte da minha escrita.

MBC – O que te move para escrever?
AS - Sempre tive muita imaginação. Em criança imaginava histórias fabulosas para as minhas brincadeiras. Então, quando se proporcionou recomeçar a escrever, foi por aí que comecei. Todos temos mundos fantásticos dentro de nós!

MBC – Publicares era para ti um sonho antigo ou surgiu por acaso?
AS - Não, nunca tinha pensado em publicar, mas no fim de ter terminado o Bosque dos Murmúrios, lembro-me que fiquei a olhar para o computador e questionei-me: Então e agora? Tenho aqui um livro pronto e acabado, não sei se tem ou não algum valor para publicação, - para mim tinha muito! – e se enviasse isto para alguma editora?
Foi assim!

MBC – Como tem sido a receção aos teus livros?
AS - É sempre difícil, quando se é um autor desconhecido, e para mais português, ter alguma aceitação no mercado. Tem de ser aos poucos, perseverantemente e, sempre acreditando no que se faz.

MBC – Sabendo que tens dois filhos, coloca-se a questão: O André e o Vicente são inspirados neles? Ou são somente fruto da tua imaginação?
AS - Não, não são o espelho dos meus filhos. O André e o Vicente nasceram da minha imaginação e, não têm semelhanças com os meus rapazes. Bem, talvez o Vicente na estatura, o meu rapaz mais novo também é muito alto, mas foi um acaso. Não foi propositado.

MBC – Porquê fantasia? Druidas? Tens alguma particular atração pela mitologia céltica e nórdica?
AS - Para mim, foi o caminho natural. Um dos géneros que gosto mais de ler é o fantástico e a ficção. Foi para onde a imaginação me levou.
E sim, claro que gosto muito da mitologia céltica e nórdica.


MBC – Estes dois livros desta saga terão continuidade? Será uma trilogia ou mais?
AS - Para já estou a trabalhar no terceiro livro, que tem tido – devido a problemas familiares – diversas paragens.
Isto tem feito com que, na minha cabeça, a história tenha tido diversas voltas e contra voltas. Inicialmente tinha idealizado fazer uma trilogia, agora não sei se conseguirei ou se ainda haverá um outro livro. Vamos ver como se desenrolar o enredo.

MBC – Tens encontrado algumas dificuldades na divulgação do teu trabalho?
AS - É claro que sim. Qual é o autor nacional desconhecido que as não tem?
Tudo que tem acontecido - o pouco que tenho conseguido fazer – tem sido tudo por minha conta e autoria, com a maior boa vontade de quem cai no meio deste mundo dos livros, sem o menor conhecimento do mesmo e, sem saber minimamente qual a melhor forma de atingir os objetivos que se pretende.

MBC – Qual o público-alvo para os teus livros?
AS - Para mim, foi quase um choque, pois não estava à espera, quando me deparei com a classificação do Bosque dos Murmúrios na categoria “Juvenil”.
Creio que contigo, e com mais autores, também assim será. Quando estou a escrever não estou a pensar “Vou escrever para crianças” “Vou escrever para adolescentes” “Vou escrever para adultos”!
Escrevo simplesmente aquilo que a alma me diz para escrever. Quando “O Bosque dos Murmúrios” saiu, tive amigos que me disseram que empreguei palavras muito complicadas. Acho que não. No entanto e, apesar de achar que os livros são acessíveis a todas as idades, penso que não será por acaso que a maioria dos meus leitores são adultos.

MBC – O que gostarias de alcançar num futuro próximo?
AS - Este ano já publiquei um dos meus contos (um de que gosto muito!) “O meu sonho! Voar!”, inserido na coletânea de contos da Chiado Editora “Um Livro Num Dia – Contos da manhã que logo entardeceu – Vol.III – 2ª Edição”.
Quero terminar o meu terceiro livro das Crónicas de André e Vicente e, como decorrerem as coisas, gostava muito de fazer a divulgação da minha obra de modo a poder chegar mais ao público.

MBC – Irás manter o mesmo género de escrita ou ainda nos irás surpreender com outro género literário?
AS - Claro que sim, as ideias estão por aí para experimentar!
Embora dentro da ficção também, o meu conto “O meu sonho! Voar!” certamente dará que pensar a quem o ler. E não, não penso que crianças consigam compreender todas as nuances e subentendidos disfarçados no texto. É decididamente um conto que os adultos compreenderam muito melhor.

MBC – Se tivesses uma frase dos teus livros que te descrevesse, qual seria?
AS - “Caíram nos braços uma da outra para um abraço apertado e sentido, como só os verdadeiros amigos conseguem trocar.”
Amizade! Aquele sentimento sem o qual seria incapaz de viver!


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