“Escrevo simplesmente aquilo que a alma me diz para escrever.”
Foi com grande satisfação que a autora Anita
dos Santos aceitou o meu convite para falar um pouco sobre os mundos
fantásticos em que se move. Das suas personagens, mas principalmente dela mesma
e do que nos prepara para breve.
Conhecia-a no lançamento do seu segundo
livro “A Cidade das Brumas”, um momento deveras esclarecedor da sua personalidade.
Só para terem ideia do que preparou para esse dia deixo-vos aqui um excerto
desse momento: “Final de uma tarde outonal, café literário da Chiado Editora na
Avenida da Liberdade, com sala cheia. Envelopes azuis estrategicamente
colocados nas costas de algumas cadeiras, que mais tarde seriam lidos pela
assistência. Imagens de árvores colocadas nas paredes a toda a volta da sala,
não deixando de ser curiosidade que todos os Druidas dos livros da Anita têm nomes
de árvores. Terminando com um pequeno teatro em que a autora leu excertos do
seu novo livro contando com a colaboração dos leitores presentes na sala.”
A Anita é isto e muito mais. Por acreditar
que devemos dar voz a todos os novos autores do nosso panorama literário,
gostava de vos convidar a visitar a página da autora e principalmente a lerem
as “Crónicas de André e Vicente”.
Bem-vindos a mais um mundo fantástico onde
tudo é possível acontecer e onde a amizade é a palavra mágica.
Texto: MBarreto Condado
Foto: Anita dos Santos
MBC
– Quem é a Anita dos
Santos?
AS - A Anita dos Santos faz parte de mim,
enquanto Anita Maria, é uma das minhas facetas e, nasceu quando consegui editar
O Bosque dos Murmúrios.
Desde sempre fui apaixonada pela leitura,
por livros. Em jovem comecei por andar com um caderno onde escrevia a eito e,
quando a vontade chegava. Depois a vida, o trabalho acima de tudo, roubaram-me
o tempo para pensar em escrever. Mas tudo tem a sua altura na vida e, o momento
de recomeçar a escrever chegou agora.
A Anita é uma pessoa alegre, tímida até
certo ponto, tem mais facilidade em escrever do que em falar, para ela a
família está sempre em primeiro lugar. Fui sempre apaixonada por animais e, uma
das coisas de que desfruto vivendo na Ericeira, é o maior contacto com a vida
silvestre e, que fazem parte da minha escrita.
MBC
– O que te move para
escrever?
AS - Sempre tive muita imaginação. Em criança
imaginava histórias fabulosas para as minhas brincadeiras. Então, quando se
proporcionou recomeçar a escrever, foi por aí que comecei. Todos temos mundos
fantásticos dentro de nós!
MBC
– Publicares era para ti
um sonho antigo ou surgiu por acaso?
AS
- Não, nunca tinha pensado
em publicar, mas no fim de ter terminado o Bosque dos Murmúrios, lembro-me que
fiquei a olhar para o computador e questionei-me: Então e agora? Tenho aqui um
livro pronto e acabado, não sei se tem ou não algum valor para publicação, -
para mim tinha muito! – e se enviasse isto para alguma editora?
Foi assim!
MBC
– Como tem sido a receção
aos teus livros?
AS - É sempre difícil, quando se é um autor
desconhecido, e para mais português, ter alguma aceitação no mercado. Tem de
ser aos poucos, perseverantemente e, sempre acreditando no que se faz.
MBC
– Sabendo que tens dois
filhos, coloca-se a questão: O André e o Vicente são inspirados neles? Ou são
somente fruto da tua imaginação?
AS - Não, não são o espelho dos meus filhos.
O André e o Vicente nasceram da minha imaginação e, não têm semelhanças com os
meus rapazes. Bem, talvez o Vicente na estatura, o meu rapaz mais novo também é
muito alto, mas foi um acaso. Não foi propositado.
MBC
– Porquê fantasia?
Druidas? Tens alguma particular atração pela mitologia céltica e nórdica?
AS - Para mim, foi o caminho natural. Um dos
géneros que gosto mais de ler é o fantástico e a ficção. Foi para onde a imaginação
me levou.
E sim, claro que gosto muito da mitologia
céltica e nórdica.
MBC
– Estes dois livros desta
saga terão continuidade? Será uma trilogia ou mais?
AS - Para já estou a trabalhar no terceiro
livro, que tem tido – devido a problemas familiares – diversas paragens.
Isto tem feito com que, na minha cabeça, a
história tenha tido diversas voltas e contra voltas. Inicialmente tinha
idealizado fazer uma trilogia, agora não sei se conseguirei ou se ainda haverá
um outro livro. Vamos ver como se desenrolar o enredo.
MBC
– Tens encontrado algumas
dificuldades na divulgação do teu trabalho?
AS - É claro que sim. Qual é o autor nacional
desconhecido que as não tem?
Tudo que tem acontecido - o pouco que tenho
conseguido fazer – tem sido tudo por minha conta e autoria, com a maior boa
vontade de quem cai no meio deste mundo dos livros, sem o menor conhecimento do
mesmo e, sem saber minimamente qual a melhor forma de atingir os objetivos que
se pretende.
MBC
– Qual o público-alvo para
os teus livros?
AS - Para mim, foi quase um choque, pois não
estava à espera, quando me deparei com a classificação do Bosque dos Murmúrios
na categoria “Juvenil”.
Creio que contigo, e com mais autores,
também assim será. Quando estou a escrever não estou a pensar “Vou escrever
para crianças” “Vou escrever para adolescentes” “Vou escrever para adultos”!
Escrevo simplesmente aquilo que a alma me
diz para escrever. Quando “O Bosque dos Murmúrios” saiu, tive amigos que me
disseram que empreguei palavras muito complicadas. Acho que não. No entanto e,
apesar de achar que os livros são acessíveis a todas as idades, penso que não
será por acaso que a maioria dos meus leitores são adultos.
MBC
– O que gostarias de
alcançar num futuro próximo?
AS - Este ano já publiquei um dos meus contos
(um de que gosto muito!) “O meu sonho! Voar!”, inserido na coletânea de contos
da Chiado Editora “Um Livro Num Dia – Contos da manhã que logo entardeceu –
Vol.III – 2ª Edição”.
Quero terminar o meu terceiro livro das
Crónicas de André e Vicente e, como decorrerem as coisas, gostava muito de
fazer a divulgação da minha obra de modo a poder chegar mais ao público.
MBC
– Irás manter o mesmo
género de escrita ou ainda nos irás surpreender com outro género literário?
AS - Claro que sim, as ideias estão por aí
para experimentar!
Embora dentro da ficção também, o meu conto
“O meu sonho! Voar!” certamente dará que pensar a quem o ler. E não, não penso
que crianças consigam compreender todas as nuances e subentendidos disfarçados
no texto. É decididamente um conto que os adultos compreenderam muito melhor.
MBC
– Se tivesses uma frase
dos teus livros que te descrevesse, qual seria?
AS
- “Caíram nos braços uma
da outra para um abraço apertado e sentido, como só os verdadeiros amigos
conseguem trocar.”
Amizade! Aquele sentimento sem o qual seria
incapaz de viver!
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