Em primeiro lugar gostaria de agradecer à Bertrand
Editora, pelo convite e pela excelente organização bem como a oportunidade única
de falarmos com o escritor norte-americano Dan Brown. No passado domingo dia 16 de Outubro, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, assistimos à apresentação do livro “Origem” um
momento único repleto de boa disposição.
Para este evento a Bertrand Editora entregou vários convites, a sala encheu rapidamente contabilizando-se cerca de 1.500
leitores.
Antes da entrada em palco do escritor fomos agraciados com um pequeno filme no qual nos transportou com ele numa viagem através dos locais onde o professor Robert
Langdon se move no seu mais recente livro “Origem”, deixando no ar a pergunta: “Irá Deus sobreviver à Ciência?”
Dan Brown chegou a Portugal via Frankfurt, entrou em palco para se deparar com uma sala cheia de ávidos e fieis leitores,
algumas caras conhecidas, televisões, jornais, revistas, bloggers, tendo sido recebido
em apoteose com uma salva de palmas interminável dando-lhe as acolhedoras boas
vindas como só os portugueses sabem fazer.
Começou por falar da sua infância, como foi crescer
numa casa onde a mãe católica praticante, organista da igreja e diretora do
coro o costumava levar aos treinos de futebol no seu carro com a matrícula “KYRIE” que significa em latim “Pelo
Senhor”, era a sua forma de afirmar que era cristã, que acreditava em Deus. Já
o pai, escritor do bestseller de matemática avançada, a matricula do seu carro dizia “METRIC”. Esta dicotomia dos
seus pais fazia-o sentir-se um pouco esquizofrénico, além de que os seus amigos
odiavam ter que fazer os exercícios de matemática que o pai escrevera como
trabalhos de casa. Enquanto falava com emoção daqueles que são os responsáveis
por se ter tornado quem é hoje exibia orgulhosamente as respetivas matrículas.
Aos 5 anos escreveu o seu primeiro livro. Contava
a estória à mãe que a registava tendo-a posteriormente encadernado numa capa castanha
cozida com fio vermelho. Fez questão de mencionar que tinha sido feito um único
exemplar cujo título era: “A girafa, o
porco e as calças em chamas”. Exibindo o exemplar orgulhosamente.
Apesar de muito influenciado pela crença que a mãe
sempre lhe incutiu, surgiram-lhe as primeiras dúvidas aos 9 anos quando se
dirigiu à igreja que frequentavam e colocou algumas questões ao padre, este simplesmente lhe respondeu que os “bons rapazes não fazem esse tipo de perguntas” não devia duvidar, mas
ter fé.
Não é ateu, mas aos 11 anos tornou-se agnóstico
quando um amigo da sua idade morreu de leucemia (a mesma doença que lhe viria a
vitimar a mãe, que, contudo, devido aos avanços da medicina genética ainda
conseguiu mais dez anos depois de ter sido diagnosticada), e o padre disse que
Deus o tinha levado porque era essa a sua vontade. Não percebeu como poderia
ser a vontade de um Deus bondoso levar uma criança.
Colocou a questão: “O que acontece quando morremos”, na medida em que é algo que nos
faz pensar em Deus mesmo os que não acreditam nele.
Para o livro “Origem” fez uma vez mais bastante
investigação. Entre tantos assuntos retratados neste livro aquele que lhe deu maior prazer foi o debate que teve com diversos cientistas sobre Inteligência artificial. Frisando
uma vez mais que esta é uma área que nos leva a debater as diferenças entre religião e ciência, a mesma que o tem acompanhado ao longo de toda a sua
vida.
"Não existe nada pré-programado no nosso ADN somos o que os nossos pais fazem de nós, por esse motivo que papel terá Deus nas nossas decisões?"
Confessou que antes do seu bestseller “O Código Da
Vinci” já tinha publicado dois livros e que não tinha conseguido vender mais do
que uma centena, se contasse com os que a mãe lhe tinha comprado. Quando
publicou finalmente aquele que viria a ser o livro da sua projeção já só
pensava em conseguir algum dinheiro com a venda do mesmo de forma a conseguir
levar a sua mulher a jantar fora. Com esta confissão arrancou gargalhadas do
público presente.
Em todos os momentos reinou a boa disposição sempre
com Dan Brown a contar algumas situações caricatas que lhe têm acontecido. Desde o padre que o abordou nas ruas de Boston
para lhe dizer que não tinha apreciado o livro, mas que lhe estava agradecido
porque desde que colocara na porta da igreja a informação que em substituição
da leitura da bíblia passariam a discutir o “Código Da Vinci” os fieis tinham
passado de 8 para 400. Ou ainda durante as filmagens quando ouve alguém gritar “tragam
uma coca-cola diet para Maria Madalena”.
Incomodam-no diversas questões, tais como o rápido
desenvolvimento tecnológico e a nossa capacidade enquanto seres humanos de transformar
tudo em armas. O aumento populacional, a poluição, o clima e mais recentemente
Trump. “Espero
apenas que a nossa moralidade cresça ao mesmo tempo que a nossa tecnologia.”
Acabou a apresentação com a seguinte frase:
“Para todos na audiência que leem e estimam
os livros, agradeço-vos do fundo do coração”.
Amanhã trago-vos as respostas às perguntas
colocadas pelo público e pela imprensa presente. Não deixando de informar que
ficou em aberto a possibilidade de uma estória com o Professor Langdon em
Sintra cujo título sugerido pelo próprio autor seria “The Sintra Cypher”.
Texto e Fotos: MBarreto Condado
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