sábado, 23 de dezembro de 2017

OPINIÃO | “Luvas”, “Avental” e a gamba? Quanto é o quilo? | ANA KANDSMAR

António Costa, José Sócrates, Vieira da Silva, Capoulas Santos, Carlos Zorrinho, Isaltino Morais e muitos, muitos outros, tudo gente ligada à maçonaria. A política portuguesa é um caldinho de influências e de trocas de favorzinhos, seja coisa de centenas ou de milhões. E isso vem do povo, que os políticos não caem do céu aos trambolhões, saem daqui do âmago das nossas gentes e se têm maus genes é porque esta coisa de passar “luvas” pela “porta do cavalo” é uma coisa muito tuga. (Ok, também muito humana). Somos a malta do desenrasca aí, dá uma mãozinha acolá, coloca o meu filho além, toma dinheiro aqui. Um país nepotista onde amigalhaços nomeiam e promovem família e outros amigalhaços, e se cultiva a mediocridade. Sucede que para isto o avental não é fundamental, que esta tendência para o tráfico de influências ocorre em todas as cores politicas fora e dentro das lojas, com ou sem avental. Não há negociata imoral feita por um grupo de tipos que fizeram meia dúzia de juramentos através de uns rituais tontos, que não possa ser feita por um grupo de gente com interesses comuns, num jogo de golfe ou numa jantarada regada a copos. Ainda não sei se o facto de usarem aqueles aventais e de cultivarem o "secretismo" os torna mais perigosos, mas são seguramente mais patéticos.

Já não me choca o facto de saber que os gajos no poder e os que já lá estiverem são da maçonaria. Têm que ser "amigos" de alguém, senão, não estavam no poder, certo? Têm de ter prometido favores, feito favores, obtido favores, para chegarem onde chegaram. Mas talvez não seja assim tão má ideia levar os maçons mais a sério do que a qualquer outro grupelho de influência e obrigá-los a actos públicos de contrição e de confissão. Talvez a democracia portuguesa não ganhe com isso mais transparência, ou pelo menos não tanta quanto seria desejável, porque, como bem sabemos, os grupos de influência estão por todo o lado e reúnem-se nas casas uns dos outros, nos privados dos restaurantes, nos gabinetes das grandes multinacionais, enquanto o resto do povo se faz à vidinha (ou não), come e dorme, acasala e regozija-se com as vitórias do seu clube de futebol. Nas lojas dos ditos maçons só falta um néon à porta: “Loja do Oriente: compra-se e vende-se favores, fazemos entregas no mundo inteiro.” A malta da política em geral tem amigos no mundo inteiro. Conhecem-se todos nas cimeiras, nos congressos, planeiam esquemas e negociatas nos corredores ou às portas fechadas. O PR nunca viaja sem uma "comitiva" de empresários e essa gente toda não vai de certeza para ver a paisagem.

Devíamos "clarificar" o papel da maçonaria na "sociedade portuguesa" e identificar todos os políticos que a ela pertencem. Só assim, poderíamos marcá-los com o ferro do tráfico de influências, e mais importante que isso, clarificar as decisões dos nossos governantes, passados e presentes. Não que nos sirva de muito descobrir quantas vezes e com quem se juntam no melhor restaurante de Lisboa e quantos quilos de gambas comem, (com ou sem a fulana da Raríssimas). Mas pelo menos, quanto à mariscada, ficaríamos (sem sombra de dúvidas, até para o mais devoto militante) a saber quem paga. Com juros mais correção monetária. Pagamos nós.


Mas não pensemos nisto por dois dias. É Natal. Boas Festas!











Ana Kandsmar

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