quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

LITERATURA | Parem Todos os Relógios de NUNO AMADO | OFICINA DO LIVRO

Nas livrarias a 23 de Janeiro


Aos trinta e seis anos, a professora de literatura Helena Remington apaixona-se loucamente por um italiano de visita a Lisboa. O romance entre os dois, intenso e tórrido, é porém abruptamente interrompido por um acidente de automóvel na costa italiana onde ambos passavam férias.

Decorridos vinte anos sem notícias de Fabrizio, Helena recebe uma carta da filha dele com um pedido ousado e urgente. Para o satisfazer, terá de lançar-se na mais arriscada aventura da sua vida, envolvendo-se com gente perigosa numa autêntica corrida contra o tempo. Tudo para salvar o homem que tanto amou.

Muitos anos mais tarde, Carlos – o sobrinho-neto preferido de Helena – conhece Francesca, uma rapariga italiana que também precisa de ser salva e que o destino transforma em tradutora de cartas de amor.

Parem todos os Relógios é uma narrativa fluida e aliciante sobre as consequências do amor, que combina magistralmente elementos de thriller policial, história de amor e épico familiar.












CRÓNICA | Eu não vou em futebóis | FERNANDA PALMEIRA



Quantas vezes não ouvimos dizer… “eu cá não vou em futebóis”, como quem diz ai eu cá estou muito acima disso, dessa coisa que move multidões e transforma simples cidadãos em turba, como quem se demarca dessa ‘plebe’ e se isola no pedestal das elites.

Esta coisa dos rótulos que castram a expressão da individualidade é mais uma daquelas coisas que me atormenta. Sim… sou uma alma constantemente atormentada pelos catálogos em que seres humanos se ‘aprisionam’ uns aos outros e jamais conformada com isso mesmo.

Desde sempre alguém tentou cercear ‘o outro’, enformá-lo em caixas, defini-lo de acordo com os seus padrões que, como diz a expressão são apenas e só os seus padrões, fruto também eles de uma individualidade que a determinada altura apenas teve o ‘poder’ de criar norma com o intuito disso mesmo: normalizar…

Cansada de me dizerem… como é que alguém como tu, pessoa inteligente e que gosta de livros, boa música, cinema, arte em geral, que cultiva amigos e amizades, consegue gostar dessa coisa que é o futebol, essa coisa irracional. Ao menos, se era para gostar dessa coisa menor é o desporto, gostavas de uma modalidade de jeito, uma modalidade decente… vá lá, sei lá, um rugby, um ténis, ou no máximo um basquetebol. O leque é tão abrangente e logo tinhas que ir gostar do que move o povo. Logo eu, que sempre pratiquei desporto e sou adepta de tantos. Mas, sim, para mim, o futebol é um desporto ‘maior’.

Esse desdém acicata, e sim, é nesse momento que a irracionalidade desperta verdadeiramente, que se deixa de ser politicamente correto. Verdadeiramente o que desperta a irracionalidade é o princípio do julgamento… julgar ‘o outro’ é que é irracional.

Gostar de futebol é gostar de emoções, é estar vivo, tão vivo como quando se aprecia um bom livro, como quando se aprecia uma conversa com amigos. Catalogar ‘o outro’ porque gosta de futebol ou por qualquer outro motivo é não olhar para si. Quando julgamos os outros estamos a julgar-nos a nós próprios e a refletir nos outros as nossas falhas.

Deixemos os carimbos para os papéis. Os seres humanos não se enquadram, por definição, em catálogos nem em caixas. O que é bom e válido para um não o é necessariamente para outro.
Eu “vou em futebóis”, e em livros, e em copos e conversas com amigos, e em pés de dança, e em peças de teatro e exposições... Como eu, milhares dos que gritam golo ao meu lado também têm, certamente, outras paixões na vida e ainda bem que assim é, são seres humanos saudáveis e felizes.

A felicidade é o ensejo último do ser humano. Que cada um seja feliz por si e para si. Só assim teremos uma verdadeira Humanidade.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

LITERATURA | A Pura Inscrição do Amor de NUNO JÚDICE | DOM QUIXOTE (Poesia)

Nas livrarias a 30 de Janeiro



A Pura Inscrição do Amor reúne poemas que o autor escreveu ao longo dos anos e que são dedicados a este tema.

Nele se incluem, a abrir, os conjuntos de poemas Pedro, Lembrando Inês e Carta de Orfeu a Eurídice, ambos publicados em simultâneo em Abril de 2001 sob o título Pedro, Lembrando Inês, que se encontrava esgotado há muito tempo.

Os poemas reunidos em Novo Tratado de Pintura são inéditos em Portugal embora alguns deles tenham sido publicados na Colômbia, em 2014, sob o título Breve Tratado de Pintura (Frailejón Editores).

Por sua vez, Cântico teve uma edição em livro de artista em Espanha, em 2015, com o título Cântico dos Cânticos, com ilustrações do pintor Pedro Castrortega (Segundo Santos Ediciones).

Em ambos os casos, esta é a sua primeira edição em Portugal.

O poema A Mulher Deitada, que encerra o livro, é inédito.

CRÓNICA | Os Apátridas do pálido ponto azul | PAULO DA COSTA GONÇALVES


Há já alguns anos que, quase diariamente nos meios de comunicação, nos deparamos com as expressões de migrantes e/ou refugiados que “nos batem à porta”, um pouco por todo o mundo mais desenvolvido, sob a forma de intensos fluxos migratórios deixando para trás territórios inóspitos já só resta das outrora fascinantes e sedutoras paisagens.

Eles não são já apenas e só alguns milhares, mas milhões e contrariamente ao que pensamos, na sua maioria são migrantes/refugiados que se deslocam anualmente e fogem, não de guerras, mas de catástrofes climáticas extremas, tais como secas prolongadas, inundações repentinas, tempestades, furacões, terremotos, tsunamis, vulcões e incêndios que, em muitos casos, deixam os territórios inabitáveis para sempre ou caso a ação humana seja refreada, e deixe de levar o clima para territórios desconhecidos, por várias gerações.

Segundo uma estimativa do Internal Displacement Monitoring Centre (IDMC) nos últimos 10 anos cerca de 185 milhões desses migrantes/refugiados são pessoas deslocadas, interna ou externamente, em consequência de desastres naturais. Os dados referentes ao ano de 2016, referem que dos 31,1 milhões das pessoas que se viram obrigadas a deslocar 24,4 milhões fizeram-no devido a desastres. Ou seja, o relatório do IDMC confirma que as deslocações associadas a desastres ambientais superaram os de conflitos e violência. Um outro estudo recente, da United Nations International Strategy for Disaster Risk Reduction (UNISDR), contatou que, nos últimos 20 anos, 90% dos desastres naturais estão ligados às alterações climáticas.

Ainda assim, pouca é a atenção dada à combinação dos dois principais desafios globais da atualidade: alterações climáticas e migrações.

Quantos de nós pensa que vive em cidades ou mesmo países que podem vir a desaparecer nas próximas décadas? Ou que tem a perceção que a desertificação de muitos dos interiores também se deve ao facto de a agricultura se ter tornado impraticável?

Esse cenário não é apenas uma ameaça, mas já uma realidade, em diversos pontos do planeta, tanto para as populações costeiras que sofrem não só com a subida dos oceanos, como com as infiltrações de água marinha nos seus mananciais de água doce, mas igualmente para as populações que vivem em regiões mais interiores e sistematicamente afetadas por secas devastadoras e uma contínua degradação ambiental.

Estes e outros exemplos, ainda timidamente, vão chamando a atenção para um tema que
ganha “força” nos debates sobre o aquecimento global: as questões climáticas e de mobilidade humana, também apelidadas de “deslocados ambientais”, “refugiados ambientais” ou “refugiados do clima”.

Em 2015 um dos pontos positivos do Acordo de Paris foi o que respeita à inclusão dos direitos humanos no texto e a referência aos direitos dos migrantes face à mudança do clima e a adoção de medidas para enfrentar as migrações com origem nos impactos adversos das mudanças climáticas. No entanto apesar de nas versões anteriores do Acordo estar previsto a criação de um organismo de coordenação das migrações, provocadas pelas mudanças climáticas, este acabou por ser suprimido do texto final impossibilitando o que poderia ter sido uma grande conquista em termos das migrações ambientais e infelizmente nos acordos e painéis sobre as alterações climáticas vão continuando ausentes ações de maior monta, por parte de governos e sociedades, para mitigar estas deslocações forçadas. Em suma, uma contradição alarmante devido às projeções científicas que estimam deslocações em massa e nunca vista.

A falta de um consenso conceitual para designar os indivíduos que se deslocam por motivos das alterações climáticas é a maior dificuldade enfrentada, por estes migrantes/refugiados e vai muito para além das inerentes ao abandono dos seus países ou locais de origem. A expressão “refugiado ambiental” não é reconhecida pelo direito internacional com o argumento de que o termo “refugiado ambiental” poderia gerar confusão em relação aos refugiados, denominados como tal, pela Convenção Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951. Ou seja, atualmente, só é considerado refugiado aquele que é obrigado a deixar seu país devido a perseguições políticas, conflitos armados, violência generalizada ou violação massiva dos direitos humanos. Os afetados pelas alterações climáticas não se enquadram como tal.

Se hoje os líderes políticos já estão em falha com os atuais refugiados ao não legitimar, no atual regime de asilo, a procura por refúgio dos que já sofrem e cujos números são ainda bem menores, não nos devemos questionar, individualmente e coletivamente, como é que os Estados e sociedades pertentem lidar futuramente com o tendencial aumento dos migrantes/refugiados em consequência de alterações climáticas quando os especialistas preveem, no melhor dos cenários, até 2050 pelo menos mais 200 milhões?

Todos nos lembramos do filme The Terminal (Terminal de aeroporto) de Steven Spielberg (2004) que narra a história de Viktor Navorski, protagonizado por Tom Hanks, preso num terminal de aeroporto, por ter sua entrada nos Estados Unidos negada e, também, não poder retornar ao seu país de origem, a fictícia Krakozhia, que devido a um golpe de Estado o deixou sem nacionalidade.

Hoje, quais Viktor Navorski, os grandes fluxos de migrantes/refugiados “climáticos” que, também sem pátria, erram pelas estradas do mundo numa migração forçada e sem destino são uma das principais calamidades do planeta e da humanidade.

É um facto inegável que as alterações climáticas estão a ter os seus efeitos. Os exemplos, são os mais variados e vão muito além dos que nos é dado a conhecer.

As alterações climáticas também destabilizam sociedades, desencadeiam conflitos e forçam pessoas a saírem dos seus países.

Em função do que é factual urge redefinir o estatuto de refugiado, porque o que existe é redutor!


segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

LITERATURA| "ENIGMA DA MENTIRA" de PAULO DA COSTA GONÇALVES | CLÁUDIA DE ANDRADE


Foi no Café Literário da Chiado Editora, que tive o prazer de apresentar a mais recente aventura do Inspector Alexandre Melo – “Enigma da Mentira”, e o autor, o meu caro colega e amigo Paulo Costa Gonçalves.

Foi uma sessão relaxada, informal, que facilitou grandemente a minha apresentação pois assumiu um ritmo de partilha e de conversa casual, em que todos os presentes colocaram as suas questões ao autor acerca da sua inspiração, quer do livro alvo do presente lançamento como a ambos os que o antecederam e de planos futuros.
Paulo Costa Gonçalves é formado em Sociologia, tendo vindo a desenvolver trabalho na área da investigação, e a sua motivação principal para este, que o próprio intitula de hobby, vem da necessidade que o autor sentiu de encontrar um tipo de leitura fácil, leve, mas com uma velocidade e uma cadência narrativa fluída que permitisse algumas horas de diversão despreocupada, mas que prendesse o leitor ao “enigma” a resolver.
O “Enigma da Mentira”, o seu terceiro livro, é isso mesmo, um livro que se lê de uma forma quase cinematográfica, em que não existem pausas, nem momentos mortos, em que oscilamos de suspeito em suspeito, tentando enquadrar o facto histórico que inicia a narrativa, no móbil que levaria algum deles ao homicídio.
Um desaparecimento a bordo vem exigir a intervenção do inspector da polícia judiciária Alexandre Melo, durante a sua lua-de-mel. Só ao mesmo são apresentadas evidências de que se poderá tratar de um homicídio, mas inconscientemente ele sabe que nada é tão fácil nem tão óbvio como aquilo que as pistas parecem apontar.
Será que se investiga um desaparecimento ou um homicídio? Será que o motivo sofre contornos sobrenaturais, percorrendo as eras, enterrado fundo nas malhas do passado, ou, pelo oposto, tratar-se-á de uma razão bem mais terrena e banal? É isso que o convidamos a descobrir no “Enigma da Mentira”.


Fotos: Cláudia de Andrade