“Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes,
pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência”
*
Com meia dúzia de pelos, mal
semeado no peito, deitado numa toalha de praia tão reduzida que pouco mais lá
conseguia deitar do que o seu anafado traseiro ficando com as pernas, cabeça e
braços sujos de areia. Apertado nos seus minúsculos calções axadrezados de cor
verde musgo, antigo modelo que o próprio pai vestira uns anos antes como
boxers, pois não havia necessidade de gastar dinheiro em modelos recentes, lá
ia encolhendo a barriga cada vez que uma sombra passava por ele.
Tentava apresentar músculos que
nunca chegariam a aparecer, aparentar ser mais velho do que era, não fosse o
som da sua voz traí-lo com os seus agudos repentinos, o seu desejo continuava a
ser seguir as pegadas do velho pai, contudo, no seu intimo esperava que este o
perdoasse, mas ultimamente andava obsecado pela imagem de tarzan Taborda, do
qual guardava secretamente uma foto em posse vestindo uns reduzidos calções de
banho rodeado de belas camones, na única abertura da sua carteira
misturada com uma nota de vinte escudos que guardava religiosamente desde que o
pai a deixara cair e não se apercebera.
Mas como este lhe dizia tantas
vezes: “encontrado não é roubado, mas se for bem roubado e ninguém der pela sua
falta, por direito é teu”.
Naquele verão, como em todos os
outros que passara na Costa da Caparica numa casa alugada que chamavam de sua,
conseguiu ter as suas primeiras experiências com as namoradas dos seus amigos.
Sempre com as palavras do seu velho pai a assolarem-no cada vez que trocava
saliva: “se são realmente teus amigos não podem levar a mal que leves
emprestado para brincar um pouco, depois de lavado devolves como novo”.
E com estas máximas, Nunes
passou o verão com um herpes labial brutal e um escaldão nas costas, além de
que voltou para casa com os olhos negros como se não andasse a dormir bem. Mas
só ele e um dos seus mais recentes ex-amigo conheciam a verdadeira razão…
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