Mais
antigo que o famoso Stonehenge, o Cromeleque dos Almendres, descoberto pelo
investigador Henrique Leonor Pina, em 1964, aquando do levantamento da Carta
Geológica de Portugal e reclassificado como Monumento Nacional a 29/01/2015
pelo Conselho de Ministros, é um dos maiores e mais importantes monumentos
megalíticos do mundo, está localizado na Herdade dos Almendres, a cerca de 12
Km de Évora e a 4,5 Km da aldeia de Nossa
Senhora de Guadalupe, faz parte do denominado "universo megalítico
eborense", sendo um sítio arqueológico fácil de encontrar bastando seguir
as indicações a partir da aldeia de Nossa Senhora de Guadalupe.
Como recinto
megalítico, edificado entre o final do 6º e o 3º milénio a.C., é o resultado,
por um lado, de uma evolução construtiva de vários milénios e, por outro lado,
das transformações vividas pelos seus construtores nas vertentes económicas,
sociais e ideológicas originadas pela sedentarização dos povos ibéricos durante
o Neolítico.
Constituído por dois recintos
distintos, dos que se pensa terem sido mais de cem monólitos graníticos das
mais diversas formas e tamanhos, restam hoje noventa e cinco situados ao longo
de uma suave encosta tipicamente alentejana e cujo local mantém uma mística de
tempos esquecidos, mas que facilmente nos transporta às suas origens. Ou seja,
à era de encantamento pagão onde o homem de caçador que acompanhava as
migrações sazonais das suas presas, passou a cultivar a sua própria terra e a
criar os seus próprios animais para pastoreio e consumo fazendo então nascer e
crescer populações com personalidades bem definidas.
Tendo tido o seu início há cerca
de 7.000 anos, mais 2000 que Stonehenge, o Cromeleque dos Almendres foi erigido
em três etapas: os três círculos concêntricos de monólitos em forma ovóides
remontam ao Neolítico Antigo; o recinto com duas elipses irregulares terá sido
construído durante o Neolítico Médio; e no Neolítico Final, ambos os recintos
terão sido modificados para a forma que mantêm até aos nossos dias.
Na
sua maioria os monólitos são em forma mais ovoide, no entanto existem inúmeras
pedras de proporções maiores, designados megálitos de forma fálica. Uma dessas
pedras alçadas e de tamanho descomunal, embora estando isolada é o Menir dos
Almendres que quando visto a partir do Cromeleque no solstício de verão aponta
ao nascer do sol (no hemisfério norte o solstício de verão ocorre por volta do
dia 21 de junho).
A
verdadeira função do Cromeleque e do Menir dos Almendres não é precisa, até
porque na “decoração” dos monólitos, do cromeleque, constata-se a presença das
denominadas "covinhas" ou linhas sinuosas e radiais. Muitos deles,
quer pela profusão da “gramática decorativa”, quer, pelo seu posicionamento
estratégico no seio de todo o conjunto, parecem assumir o papel de autênticos
"Menires-Estelas”, mas, os historiadores acreditam que tratando-se de um sítio
cultural com uma forte carga mágico-simbólica para os povos que por ali se
estabeleceram, ao longo dos séculos, com raízes seguras o fecundar das terras
via falos em pedra seria um culto à fertilização das mesmas para a lavoura pelo
que parece inegável que ambos aparentam uma forte ligação à agricultura e
pastoreio desse período.
Disponível
às visitas 24h e guardando o respeito, que é devido pelo lugar em si, é também
um local sossegado e com um esplendor cuja aura mágica envolvente propícia a um
piquenique enquanto aprecia a vista.
Fotos: Paulo Da Costa Gonçalves
Diagrama (foto 2): Anyforms, de acordo com proposta de datação de Mário Varela
Gomes
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