Hoje é dia, mais uma vez, de mudança da hora. Adianta-se
uma hora aos relógios para entrarmos no chamado horário de Verão.
Esta ideia foi posta em prática em 1784 por Benjamin
Franklin. O objectivo era a poupança de velas. Com a I Guerra Mundial, em 1916,
voltou a verificar-se a necessidade de poupança, desta vez de carvão, e
novamente se impôs uma alteração horária.
A Alemanha foi o primeiro país a adaptar o seu horário,
logo seguida pela Grã-Bretanha, enquanto outros os iam seguindo mais ou menos
espaçadamente. A uniformização só teve lugar na década de 70, mais precisamente
em 1974, quando os Estados Unidos e vários países europeus foram confrontados
com um embargo no petróleo.
Desde essa altura que andamos para a frente e para trás
consoante a época do ano. Dois séculos depois da ideia, justificadamente, ter
visto a luz do sol pela primeira vez, manipulamos o tempo com base numa solução
que em nada se adequa aos dias que vivemos.
Actualmente, as “cabeças pensantes” alegam que mudamos a
hora para as crianças não irem para a escola de noite,
por exemplo. Que me desculpem, as excelentíssimas sumidades pensadoras, mas
qualquer contemplação simples do céu, sem necessidade de estudos complicados ou
maquinaria de qualquer espécie, revela que no Inverno o sol nasce entre as 7.30
e as 8 horas, dependendo da zona, no território nacional e põe-se por volta das
17 horas.
Ora, se os miúdos entram às 8 horas e só vão para casa às 17, 18 ou
19 horas – dependendo da altura em que os pais os vão buscar -, significa que,
efectivamente, saem de casa de noite e voltam da mesma forma. Assim como os
seus pais, relativamente aos seus empregos, que, normalmente, fechados em
cubículos o dia inteiro, a fazer por ganhar aquilo com que se compra as
necessidades básicas e os sonhos, vêem alguns raios de sol por quinze ou vinte
minutos diários, se tiverem a sorte de sair para almoçar fora do local de
trabalho. Se adoptássemos o horário de Verão definitivamente isto já não
aconteceria desta forma.
O sol, esse astro essencial a toda a nossa vivência, que
tantos benefícios nos dá ao nível da saúde física e mental, está a ser
completamente desaproveitado e num país como o nosso, que tem uma taxa de luz
solar superior a muitos países, é uma perfeita parvoíce não o aproveitar e
continuar a reboque das ideias mais que ultrapassadas de outros.
São já muitos os estudos sobre as vantagens da adopção definitiva
do horário de Verão. Ao que parece, está comprovado que os níveis de stress, os
acidentes rodoviários, as depressões e os suicídios decrescem. A boa
disposição, a produtividade e a imunidade a determinadas doenças aumentam,
assim como o tempo de qualidade passado com a família e os amigos. As pessoas
têm a sensação de ter mais tempo para as suas tarefas e tudo é feito com mais
tranquilidade.
Já vivemos demasiado enclausurados pelas convencionais
obrigações diárias. Há coisas que podem e devem ser ajustadas à realidade dos
nossos dias. Há coisas que podem e devem ser mudadas. Não tenho dúvida nenhuma
que esta é uma delas.
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