Nascida em 1990, descobriu desde de cedo na escrita a sua enorme paixão
em expressar os seus sentimentos e ideias.
Mesmo em constante procura de si nas atribulações da vida consegue
manter-se em equilíbrio com os amigos e com o seu amor pela escrita e na
procura incessante pela sua alma gémea, fazendo jus ao seu signo.
Começou a sua actividade com o Blogue do Facebook “Cartas à tua
ausência” onde encontrou apoio de quem gosta de ler e, com esse apoio, começou
em 2015 a sua carreira literária.
Contando a sua historia digna de página, condensa os textos soltos do
Blogue num livro intitulado” Um dia disseste que eu devia escrever um livro”, para ler e, talvez, reler."
Fala-nos um pouco de ti e do que te motivou a escrever este
livro.
Sou uma apaixonada pela
transmissão de emoções. Acho fascinante quando se lê algo e sentimos que foi
feito para nós. Desde do inicio da adolescência que comecei a escrever uns
rabiscos e várias pessoas me disseram que um dia teria um livro meu à venda. Na
altura achava algo muito irreal. Quando escrevi o meu primeiro livro, foi um
processo muito rápido e emocional. Eu perdi a memória de uma forma estranha,
não existindo uma justificação oficial, mas deveu-se a uma cirurgia que não
terá corrido pelo melhor. Nessa altura, claro, senti-me sem chão... Foi um
processo complicado, onde eu tentei reconquistar a minha zona de conforto ( que
já não existia) e onde me vi no meio de um turbilhão de emoções que precisava
de exteriorizar. Comecei por criar um blog (ainda muito longe da ideia de um
livro) que se chama “Cartas à tua ausência” e as pessoas começaram a
perguntar-me pelo livro. Um dia um grande amigo meu sugeriu e pronto... dessa
ideia até à concretização foram 2 meses.
Foi muito fácil. Como é
uma história muito emotiva, necessitava de um nome que se adequasse. Um dia
olhei para o texto que viria a ser o último capítulo, e disse : “ Está aqui! É
este o título”.
Explica-nos por favor como se sente uma pessoa que faz uma simples
cirurgia e quando acorda não se lembra dos últimos anos?
É impossível explicar. É
um sufoco. Um medo. Uma angústia. É perder completamente a identidade. Parece
que não, mas alguns anos, mesmo que poucos, fazem uma enorme diferença. Estamos
em constante mudança e apesar de sermos fieis ao que somos, a nossa
personalidade está em constante desenvolvimento. Quando perdi isso, perdi a
pessoa que me tinha tornado. Perdi a jovem adulta. Voltei a ser adolescente...
e sim, existem uma diferença abismal.
Escreveres sobre o que se passou contigo foi de alguma forma
uma espécie de terapia ou reviver o que te aconteceu é doloroso?
Foi como uma terapia. Eu
tinha 2 opções: ou não falava do assunto e iria tornar-se algo que me metia um
medo enorme impossível de enfrentar, chegando talvez a tabu, ou começava a
falar aos poucos. Dizer que foi uma terapia, não anula o facto de ser doloroso.
O processo em si, foi extremamente doloroso. Escrevi com o coração nas mãos.
Mas serviu de trampolim para me sentir bem melhor, comigo, com o que me rodeia
e com o tema em si.
Claro que sim. Quando
escrevi o meu primeiro livro, estava bastante isolada. Era-me complicado lidar
com tudo e foi um processo muito solitário. Foi necessário cair,
desconstruir-me, aprender quem sou e voltar a caminhar.
Na altura tinhas um namorado e quando acordaste não te
lembravas dele. Queres contar-nos um pouco como foram esses momentos? Ficaram
retratados no teu livro?
Foi assustador. Surreal.
Acho que a angústia, o medo e o pânico ficaram bem retratados no livro. Mas, é
impossível transmitir tudo o que foi sentido. Há coisas que não se consegue
traduzir por palavras.
Como tem sido a aceitação das pessoas sabendo que estás a
relatar a tua própria história?
Muito boa! As pessoas
conectam-se. Os leitores emocionam-se. Sentem diversas emoções que estão
descritas no livro e isso é óptimo. É fantástico quando conseguimos conectar
aquilo que escrevemos com quem lê.
Podemos esperar algo diferente da Patrícia para breve? Será
que nos podes adiantar algo?
Algo muito diferente sim.
Uma área totalmente nova para mim. Mas, também, um novo livro para 2018 cheio
de emoções para que as pessoas se conectem. Um livro com histórias de todos.
A divulgação do teu trabalho tem correspondido às tuas expectativas?
É muito complicado.
Aposta-se muito pouco em jovens autores. É impressionante o descredito que lhes
é atribuído. Quando um autor lança o seu trabalho, procura que este tenha a
possibilidade de ser publicitado, de se encontrar sempre disponível na maioria
das livrarias e grandes superfícies e ainda de ser considerado destaque de
novidade. Infelizmente, para a maioria, isso não acontece, tendo o autor que
fazer a sua própria publicidade, sendo quase impossível chegar aos grandes
armazéns. Qualquer autor deve procurar muito bem as editoras com quem quer
trabalhar e analisar devidamente todos os pontos, permitindo ser o acordo mais
justo para ambos. A divulgação do meu primeiro trabalho foi a possível, mas
para mim, não aquela que fosse satisfatória. Da próxima vez, irei analisar e
escolher a hipótese que me permita, na realidade, crescer enquanto autora, e
estar mais próxima dos meus leitores, ou seja, ter o meu livro disponível em
mais superfícies comerciais, para aqueles que conheçam, comprem e aqueles que
não conheçam possam folhear e despertar a curiosidade. Só assim é que os livros
podem ser vendidos: quando o leitor os conhece. Quando o leitor sabe que
existem. Quando o leitor folheia. Quando o leitor se permite a dar uma
oportunidade, porque determinado livro, em determinada prateleira ou anuncio,
lhe chamou a atenção.
Quais os teus planos para os próximos meses?
São vários. 2018 será um
ano fantástico! Mas não posso ainda revelar.
SINOPSE
Patrícia é uma jovem adolescente que um dia conhece Diogo, um rapaz bem parecido e divertido, por quem rapidamente se apaixona. Os dois iniciam um namoro, que marca também a sua entrada na universidade de Coimbra e na vida adulta. Mas um dia Patrícia acorda de uma operação, com um desconhecido ao lado e descobre que é vítima de uma inesperada amnésia. Confrontada com a estranha situação de não se lembrar da sua vida mais recente, Patrícia tem que lidar com Filipe, o seu novo namorado, ao mesmo tempo que descobre que ainda está apaixonada pelo imaturo Diogo. “Um dia disseste que eu devia escrever um livro” é a pujante história de amor de uma jovem à procura do seu antigo namorado e, mais do que isso, das suas memórias e da própria vida. Como sobreviver, quando já não nos lembramos de quem somos?
Gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer à autora pela disponibilidade desejando-lhe o maior sucesso.
MBarreto Condado
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