terça-feira, 20 de março de 2018

PORTUGAL MAIS QUE SOL | Convidamos-vos a conhecer: A Necrópole de Carenque | PAULO DA COSTA GONÇALVES


Texto: Paulo da Costa Gonçalves
Fotos: Direitos Reservados

Assemelhando-se à morfologia das antas, este sítio arqueológico é constituída por três sepulcros, genericamente designados de “Grutas Artificiais”, por terem sido escavados nos afloramentos calcários locais, remontam ao final do Neolítico, mais precisamente ao 3º milénio a.C. e situam-se no Tojal de Vila Chã, freguesia da Mina, município da Amadora.
Revestindo-se de grande interesse para a compreensão da nossa Pré-História, a construção desta necrópole é de uma época em que na região a população tinha as suas vivências assentes numa economia agro-pastoril e já evoluída sob o ponto de vista das tecnologias de produção pré-históricas.
A Necrópole de Carenque integra-se numa tradição cultural-funerária mediterrânica e cujas principais características de arquitetura passam pelo acesso ser efetuado por um corredor, normalmente voltado a nascente, que através de um pequeno portal de formas arredondadas comunica com uma câmara funerária. 


Pouco se sabe dos indivíduos ali sepultados, se eram todos oriundos de um mesmo povoado ou se pertenciam a alguma formação social específica com acesso exclusivo à necrópole, excepto o facto de que eram maioritariamente adultos e jovens de pequena estatura e provavelmente representativos do tipo de população que habitava o sul da Estremadura naquela época. Também se desconhece quais os rituais de sepultamento, mas pelo que se sabe desta cultura acredita-se que os corpos possam ter sido acocorados em posição fetal de encontro às paredes e rodeados de oferendas, no entanto ao serem igualmente encontrados utensílios em cobre e cerâmicas campaniformes, indiciam uma posterior utilização na Idade do Cobre que terá alterado a disposição original das ossadas e artefactos, dificultando a reconstituição da sua disposição no recinto tumular.
Entre os achados na Necrópole de Carenque foram recolhidas cerâmicas com decorações campaniformes, materiais de carácter utilitário, ídolos talhados em calcário, placas de xisto e crescentes lunares em calcário (vulgarmente conhecidos por lúnulas) com orifícios para suspensão. 
Tais achados, não só nos dão acesso ao conhecimento tecnológico de que já dispunham os construtores da Necrópole de Carenque, como evidencia a existência de uma vida simbólica de inspiração agrária rica. Dão-nos também a conhecer o carácter mágico-simbólico dominante. Ou seja, por um lado, são símbolos da sexualidade e da reprodução, e por outro lado, são representações lunares, provavelmente associados a um género de calendarização do tempo, teriam possibilitado que comunidades de agricultores-pastores organizarem-se.

Localização:

Urbanização Serra das Brancas, 
Topo da Av. Luis de Sá - Amadora
Coordenadas geográficas: Latitude: 38°46’24.61"N - Longitude: 9°14'37.41"W

Horário:

Verão – sábados das 14h00 às 18h00 e domingos das 09h00 às 14h00
Inverno – sábados das 13h00 às 17h00 e domingos das 10h00 às 15h00 
Entrada gratuita.

Acolhimento de Visitantes:

Visitas guiadas para grupos, sendo necessária marcação prévia (Tel: 214 369 090)

Como chegar:


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