sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

ENTREVISTA ao autor FERNANDO TEIXEIRA onde os locais visitados são retratados de forma magistral nos seus livros

"Em Ílhavo quem não rema já remou!”
Por entre as Brumas de Newfoundland” e nas palavras do autor este é “…. Um romance que pretende ser uma homenagem a todos aqueles que viveram as duríssimas campanhas da pesca do bacalhau…”.



MBC – Quem é o Fernando Teixeira?
FT - Nasci em Lisboa, em 1960. Licenciei-me em Engenharia Civil em 1984, pelo Instituto Superior Técnico, e tenho exercido a minha actividade profissional como projectista de estruturas.
Sentindo-me tentado a abraçar novos desafios, comecei a escrever obras de ficção em 2014, tendo publicado o meu primeiro romance no ano seguinte.







MBC – Tens dois livros publicados “Não poderia ter sido de outra forma” e “Por entre as Brumas de Newfoundland” queres falar-nos um pouco deles e de como te surgiu a ideia para os escreveres?
FT - A ideia surgiu da necessidade de procurar novos desafios, numa área que estimulasse a minha criatividade, após quase trinta anos dedicados exclusivamente ao cálculo e à pormenorização de estruturas. Tentei assim contrapor a uma actividade profissional na área das ciências e da técnica, muito ligada ao cumprimento de normas e legislação, o exercício livre da escrita onde pudesse imaginar enredos que cativassem e sensibilizassem os leitores, focando vários aspectos da condição humana.
O primeiro livro, publicado em 2015 e intitulado Não Poderia Ter Sido De Outra Forma, é um romance que procura ser uma homenagem ao Oeste canadiano, divulgando a beleza natural da região das Montanhas Rochosas, e um tributo ao valor das grandes amizades. Paul, Tracy e o filho Kevin vivem em Palo Alto, na Califórnia, Estados Unidos. Decepcionado com um casamento que entrou num marasmo de silêncios e omissões, afectando até o relacionamento com o seu próprio filho, mas com vontade de contrariar a situação, Paul decide levar a família a passar uns dias de férias na região oeste do Canadá, por ocasião do décimo quinto aniversário de casamento. Ele deseja que esse tempo traga um novo fôlego à sua vida familiar. Planeada está uma viagem de comboio a bordo do fantástico Rocky Mountaineer, entre Vancouver e Calgary, com passagem por Banff e pelo magnífico Lake Louise. As emoções vividas nessas férias trazem consequências que vão interferir com a vida daquela família, constituindo o prólogo de uma sucessão de acontecimentos que fazem o protagonista da história travar, posteriormente, uma forte e improvável amizade com um casal que vive em Calgary. Então, na sequência de uma notícia inesperada, Paul vê não só a sua vida ser impulsionada por um novo objectivo, como terá também a hipótese de transformar profundamente a vida do seu novo amigo.
O segundo livro, publicado em 2018 e intitulado Por Entre As Brumas De Newfoundland, é um romance que pretende ser uma homenagem à vida duríssima dos solitários pescadores de bacalhau à linha em dóris e um tributo à Frota Branca portuguesa. Vasco, um português de 53 anos, é neto de um antigo pescador de bacalhau nos dóris. O avô António participou em várias campanhas de pesca nos Grandes Bancos da Terra Nova e da Gronelândia, a bordo do lugre Creoula. O livro descreve as duras rotinas diárias daqueles valentes pescadores que trabalharam mais do que os demais, com um esforço e com uma tenacidade maiores do que todos os outros, enfrentando riscos desmedidos nos mares do Atlântico Norte; em todos eles, o selo da bravura, de uma resistência sobre-humana e persistência inesgotável, colado à pele com dor, suor e sal. Uma hora mais, uma milha mais, um peixe mais… Numa visita à casa dos avós, Vasco descobre uma carta escrita por um companheiro de pesca do avô, mais de quarenta anos antes, que António nunca chegou a ler por ter falecido pouco tempo antes de a receber, dando esta a entender que ambos se haviam visto perdidos no nevoeiro em uma ocasião. O teor da carta, acompanhada da fotografia de uma bebé recém-nascida, levanta questões a que Vasco quer dar resposta, numa tentativa de colmatar um elo quebrado da história, fazendo-o decidir viajar até St. John’s, Newfoundland.
MBC – Porquê o Canadá e os Estados Unidos da América como base dos teus romances?
FT - A escolha para que a acção dos meus primeiros dois romances decorra essencialmente no Canadá resulta da enorme admiração que eu tenho por esse país, desde que o visitei em 2001. É igualmente uma forma de materializar esse fascínio e de o procurar levar até aos leitores, transmitindo-lhes o prazeroso espírito de viagem e de descoberta. Já a acção do terceiro romance, em fase de escrita, decorre na Bretanha, França.

MBC – Sendo estes livros passados do outro lado do Atlântico já tens edição em Inglês ou pensas fazê-la?
FT - Não tenho edição em Inglês de nenhum dos livros, embora gostasse imenso de ter, uma vez que isso abriria as minhas obras a um mercado muito mais vasto. Esse era até um objectivo inicial, daí que a narrativa do primeiro livro se tenha centrado exclusivamente num cenário norte-americano. Infelizmente, não me é possível, por enquanto, financiar os custos de uma tradução literária.

MBC – O teu livro “Por entre as Brumas de Newfoundland” está exposto no Museu do mar em ílhavo?
FT - Sim, o livro Por Entre As Brumas De Newfoundland está à venda na Livraria do Museu Marítimo de Ílhavo, museu onde já fiz uma apresentação desse romance, no dia 17 de Novembro de 2018, no âmbito das comemorações do Dia Nacional do Mar.
MBC – Em que género te enquadras enquanto escritor?
FT - Posso dizer que o género em que me enquadro e do qual mais gosto é o Romance de Ficção. Porque a Literatura deve ser mais do que mero entretenimento, nos meus livros a acção da narrativa decorre sempre num espaço geográfico real, em terras e lugares reais, com avenidas, ruas e edifícios reais. A isso, acresce ainda a referência a acontecimentos históricos verdadeiros, ocorridos nos locais onde decorre a acção, enriquecendo a narrativa e contribuindo para o conhecimento geral dos leitores. Gosto de escrever a narrativa em forma de “flashbacks” que levem o leitor a pensar e a descobrir como as diferentes peças do “puzzle” vão evoluindo e encaixando no enredo final.

MBC – Onde é que os leitores podem adquirir os teus livros?
FT - Os livros físicos podem ser adquiridos na Amazon, na Bee Dynamic Books Loja Online, ou pedindo directamente ao autor através do website:
O livro Por Entre As Brumas De Newfoundland pode ainda ser adquirido na Livraria do Museu Marítimo de Ílhavo, como mencionado anteriormente.
A versão digital dos romances (e-Books) pode ser adquirida através da LeYa Online, Apple iBookStore, Barnes & Noble, Kobo, Google, Amazon, Onthedot, Numilog, Wook, Samsung, ContentReserve, Imaginarium e Xeriph


MBC – Queres deixar-nos os teus contactos nas redes sociais para que os leitores possam seguir o teu trabalho?
FT - Página de autor, no Facebook:
https://www.facebook.com/Fernando-Teixeira-859253467489852/





MBC - E a pergunta que todos queremos saber novidades para breve?
FT - Penso publicar o meu terceiro romance durante o ano de 2019, com o título Traços de Pont-Aven.

MBC – Tens algo que gostarias de dizer aos teus leitores bem como àqueles que te
ficaram a conhecer um pouco melhor depois desta entrevista?
FT - Nada é mais gratificante para um autor do que saber que as suas palavras são lidas por outros. Por isso, expresso o meu reconhecimento a todos aqueles que já leram os meus livros, muitos deles agraciando-me depois com palavras gentis e generosas. Todo o “feedback” é importante: as críticas positivas enchem-me a alma; as críticas negativas fazem-me crescer como escritor. Nunca deixem de expressar a vossa opinião!
Desejo que quem ainda não segue o meu trabalho sinta vontade de ler os meus livros e espero que, quando o fizer, sinta o mesmo entusiasmo e emoção, ao lê-los, que eu senti durante o processo da sua escrita.
Bem-hajam!



O meu especial agradecimento ao autor por nos relembrar da dureza das viagens, dos homens de coragem que partiam, das mulheres que os aguardavam mas acima de tudo das inúmeras famílias destroçadas perante a incerteza de um regresso.

Obrigada por nos recordares que somos um povo temerário e orgulhoso.

Texto: MBarreto Condado
Fotos: disponibilizadas pelo autor




1 comentário:

  1. Eu é que agradeço a entrevista e a oportunidade de divulgar os meus livros. Que os portugueses, principalmente as gerações mais novas, conheçam o que foi a epopeia da Faina Maior e não esqueçam o sacrifício daqueles homens.

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