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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

ENTREVISTA à autora ANITA DOS SANTOS que me disse uma vez:...

...“Escrevo simplesmente aquilo que a alma me diz para escrever.”


MBC - O que te motivou a escrever Literatura Fantástica?
AS - Gosto muito de Literatura Fantástica. É um género de escrita com a qual me
identifico muito, que me dá ensejo de sonhar, que abre as portas a mundos diferentes, a gentes distintas, a seres ao alcance da imaginação, para encantar e para assombrar. Tudo é possível e permitido desde que a imaginação nos leve. Em criança, cresci a ouvir as histórias que a minha irmã inventava para me entreter, ou a ouvir os livros que me lia. Acho que isso foi o molde, por assim dizer, pois abriu-me os olhos ao fantástico.
Quando comecei a escrever, a sério, sem crer, enveredei por esse caminho. E porque não, se me sinto tão bem com as minhas personagens?

MBC – Só escreves dentro deste género?
AS - Não, embora, para ser sincera, (claro que gosto muito dos meus livros!) gosto muito dos contos que escrevi da chamada Literatura Fantástica, um dos quais está publicado na coletânea Um Livro Num Dia, “O Meu Sonho, Voar!” e um outro, que nunca publiquei, um pouco mais extenso e talvez de todos os contos que escrevi o que mais gosto “Um Conto de Encantar”. De resto, já escrevi uma carta de amor, um conto mesmo para crianças e alguns outros que gosto de pensar, são para sorrir.

MBC – Pretendes escrever algo diferente num futuro próximo?
AS - É possível. Depende daquilo onde os dedos me levem. E a imaginação, claro.

MBC – No teu primeiro Livro” Crónicas de André e Vicente – O Bosque dos Murmúrios” como te surgiu a ideia?
AS - Lá está, fui levada pelos dedos!
A primeira personagem em que pensei, foi no Bosques. Um feérico pequenino, de olhos tortos, nariz pequenino, pele cor da cortiça e cabelos como um emaranhado de tronquinhos! Só eu!
A partir daí, fui compondo a história em volta do André e do Vicente, e do porquê de eles terem de procurar a Gente Pequenina. E os personagens foram surgindo, os feéricos foram aparecendo, cada qual com as suas características distintas a acompanhar com os seus carismas. Os mais emblemáticos são, está claro, o Traquinas e o Cotovia que estavam destinados a ser amigos inseparáveis do André e do Vicente.





MBC – Tens algumas personagens com nomes especiais, podes adiantar-nos um pouco da história e do motivo pelo qual optaste por lhes dar essas identidades?
AS - Se há um lado bom, também há um menos bom ou até mesmo perverso.
O Negro ou Senhor das Trevas é chamado também neste livro Estranho Ser. Foi uma forma de brincar com as letras e dar-lhe um outro nome entre os Comuns. Como o nome indica, ele personaliza os sentimentos negativos, a ganância, a inveja, a maldade mesmo. Ele é belo, porque a maldade muitas vezes é enganadora e, como tal é mais uma arma de que se serve. Ele, primeiro que tudo odeia o verde, a amizade e a bondade, que tenta a todo o custo destruir.
É quando os nossos heróis entram em cena!
Ao lado do Senhor das Trevas, vamos encontrar a sua irmã gémea, a Rubra, igualmente bela e sedutora. Ela é a Senhora dos Corvos, é os olhos e ouvidos do Negro e, as suas crias, os corvos, são os seus espiões. Toma a forma de corvo se assim o entende e, a sua mente depois de tanto mal infligido tende em vacilar por vezes.

MBC – Como surgiu o teu segundo livro” Crónicas de André e Vicente - A Cidade das Brumas”? A ideia de continuares esta aventura já lá estava?
AS - Sim, o final do primeiro livro deixa perceber que a história vai prosseguir. Não podia ficar só por ali, há muito mais a desvendar. Há toda a história passada do André e do Vicente para saber, muita da qual os próprios desconhecem.
Mas não é por esse motivo que eles são chamados à Cidade do Norte, mas sim por um chamamento por parte das Escolhidas, nome conferido entre os druidas da Cidade do Norte ás mães dos dois jovens amigos.
Também neste livro tive um cuidado especial relativamente aos nomes dos druidas do Círculo dos Sete. Os nomes foram escolhidos com base em árvores, para o que fiz uma pesquisa para encontrar as árvores que se adequavam aos homens que tinha em mente. Assim, o Ácer, que é um druida das Terras do Gelo, como a sua homónima, é alto, forte, usa os cabelos entrançados em tranças de guerra. O Salgueiro, é baixo e gordinho, com uma cabeleira loira em caracóis e uma enganadora cara de querubim que esconde o mais sagaz alquimista. O Ulmeiro, é o mentor do Círculo, com as suas barbas brancas, olhos brilhantes e humor extremamente ágil. E assim por diante. Foi uma pesquisa que me deu imenso prazer e da qual fiz por utilizar árvores do nosso país, ou que aqui existam.

MBC – Isso significa que ainda vamos ter mais crónicas para ler? Quantos livros ainda pensas escrever sobre eles?
AS - Vamos sim. Vamos ter pelo menos mais um livro das Crónicas que tenho presentemente em mãos.

MBC – Tens dois filhos adultos, terás por acaso colocado algumas das suas características nos teus personagens?
AS - Acho que inconscientemente o acabei por fazer, pois as alturas dos meus aventureiros correspondem às alturas, mais ou menos, dos meus filhos. As coisas que a nossa mente faz!

MBC – Onde é que os leitores podem adquirir os teus livros?
AS - Os meus livros podem ser adquiridos em:
https://beedynamicbooks.pt/collections/all
chiadobooks.com aqui também em e-book, Bertrand.pt, Fnac.pt e Wook.pt.
Claro que é sempre possível contactar-me para a minha página de autora do Facebook e, fazer a compra diretamente.

MBC – Queres deixar-nos os teus contactos nas redes sociais para que os leitores possam seguir o teu trabalho?
AS - É claro que sim, e comecemos com a minha página de autora, então:
A minha página do Twitter:
A minha página de Instagram:
https://www.instagram.com/anitados.santos/



MBC - E a pergunta que todos queremos saber novidades para breve?
AS - Bem, agora já em janeiro, no dia 19, irá sair uma nova coletânea da Chiado Books, Coletânea de Micronarrativas Ficcionais, na qual tomei parte com uma micro-história.
Depois, espero durante este ano de 2019, terminar por fim o terceiro (quem sabe o último!) volume das Crónicas de André e Vicente.
Tenho um outro projeto em mente, mas por enquanto ainda está muito em embrião. Mais para a frente e se o conseguir concretizar, falaremos nele.
Para terminar, e porque acho que não lhes fiz a devida referência, gostava de deixar uma nota sobre o Traquinas e o Cotovia. Penso que lhes é devida.
O Traquinas, é o companheiro do André e, é um gnomo facho de luz, de cabelos sempre espetados cor de fogo, sardento, com expressão sempre travessa, embora quando as circunstâncias o exigem saiba aparentar inocência enganadora, para o que contribuem as suas orelhas pontiagudas. Tem a faculdade de comunicar com os pequenos animais como raposas, esquilos e outros que tais.
O Cotovia, por seu lado afeiçoou-se ao Vicente. É um feérico emplumado que tem a capacidade de comunicar com os alados. Tem o corpo coberto de penas e, é um parceiro incansável para toda a sorte de travessuras que o seu amigo Traquinas possa inventar, ou então forjar ele mesmo.
Para finalizar, quero agradecer-te a oportunidade que me deste de poder falar um pouco sobre a “minha” Gente Pequenina.


O meu especial agradecimento à Anita para quem as “As palavras que lia não seriam muito diferentes daquilo que escrevo, pelo menos na minha imaginação” porque só assim nos é permitido sonhar com os mundos fantásticos que cria e continuar a acreditar em Fadas. 


Texto: MBarreto Condado

Fotos: disponibilizadas pela autora



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