A Medida
do Homem, escrito por Marco Malvaldi, é um livro histórico onde o romance e
o suspense se misturam na dose certa.
Devido
aos inúmeros personagens e locais onde se irá desenrolar a acção o livro começa
com a Dramatis Personæ, termo utilizado para descrever as personagens
principais normalmente utilizado em peças teatrais, da qual temos forçosamente
que nos recorrer no início da narrativa e, durante a leitura das suas quase 300
páginas.
A
acção decorre durante a segunda fase do Renascimento. Em Milão em pleno séc. XV,
onde o Mouro (Ludovico Sforza), poderoso Duque e “Senhor” reina. Neste mesmo período
Florença era governada pelos Médici. Fala-se detalhadamente da política da
época dando especial relevo à aliança entre Milão e o rei Carlos VIII de França
contra o Rei de Nápoles, acreditando que Leonardo Da Vinci teria uma arma invencível.
Temos uma descrição precisa dos costumes da corte Milanesa que me levou a reconhecer
o extenso trabalho de pesquisa feita pelo autor.
Sabemos
da protecção de Leonardo Da Vinci por ordens do Mouro, que lhe pediria entre
outros trabalhos a pintura da “Última Ceia”.
Desde
o início do livro, na descrição das personagens, ficamos com uma ideia geral do
tom de ironia e humor que o autor quer imprimir ao livro. Porém o enredo
adensa-se quando é descoberto o cadáver de um homem no pátio do castelo e, embora
o corpo não mostre sinais de violência a morte é altamente suspeita. De
imediato começam a correr rumores de uma nova praga e superstições que necessitam
de ser refutadas rapidamente, pedido que Leonardo Da Vinci não pode recusar. A
partir deste momento temos Leonardo Da Vinci como o “detective” de serviço a tentar
descobrir o responsável e o motivo. Numa mistura inventiva de crime, dinheiro e
intrigas palacianas.
Se
no início do livro o leitor pode sentir dificuldade em entrar no ritmo da
narrativa, Marco Malvaldi consegue imprimir originalidade a este romance
histórico, criando uma ponte de curiosidade e antecipação. Onde existe um
subentendido diálogo com o leitor, através de chamadas de atenção e confidências
que tornam a leitura bastante agradável.
Gostava,
no entanto, que sendo Leonardo Da Vinci a personagem central tivesse sido mais
bem descrita ao longo de toda a história, o que nunca aconteceu. No entanto,
não deixa de ser uma boa lição de história onde a ironia torna em certos
momentos a leitura hilariante.
MBarreto Condado
Marco Malvaldi nasceu e mora em Pisa, onde se
doutorou em Química pela Universidade Normale. Os seus livros anteriores
incluem a série BarLume — com Massimo the Barman e os quatro
detetives idosos —, que é também uma série de televisão. Escritor reconhecido e
querido, os seus romances policiais valeram-lhe o Prémio Isola d’Elba e o
Prémio Castiglioncello.
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