sexta-feira, 26 de julho de 2019

CRÍTICA LITERÁRIA | "A MEDIDA DO HOMEM" de Marco Malvaldi por MBARRETO CONDADO | Suma de Letras


A Medida do Homem, escrito por Marco Malvaldi, é um livro histórico onde o romance e o suspense se misturam na dose certa.
Devido aos inúmeros personagens e locais onde se irá desenrolar a acção o livro começa com a Dramatis Personæ, termo utilizado para descrever as personagens principais normalmente utilizado em peças teatrais, da qual temos forçosamente que nos recorrer no início da narrativa e, durante a leitura das suas quase 300 páginas.
A acção decorre durante a segunda fase do Renascimento. Em Milão em pleno séc. XV, onde o Mouro (Ludovico Sforza), poderoso Duque e “Senhor” reina. Neste mesmo período Florença era governada pelos Médici. Fala-se detalhadamente da política da época dando especial relevo à aliança entre Milão e o rei Carlos VIII de França contra o Rei de Nápoles, acreditando que Leonardo Da Vinci teria uma arma invencível. Temos uma descrição precisa dos costumes da corte Milanesa que me levou a reconhecer o extenso trabalho de pesquisa feita pelo autor.
Sabemos da protecção de Leonardo Da Vinci por ordens do Mouro, que lhe pediria entre outros trabalhos a pintura da “Última Ceia”.
Desde o início do livro, na descrição das personagens, ficamos com uma ideia geral do tom de ironia e humor que o autor quer imprimir ao livro. Porém o enredo adensa-se quando é descoberto o cadáver de um homem no pátio do castelo e, embora o corpo não mostre sinais de violência a morte é altamente suspeita. De imediato começam a correr rumores de uma nova praga e superstições que necessitam de ser refutadas rapidamente, pedido que Leonardo Da Vinci não pode recusar. A partir deste momento temos Leonardo Da Vinci como o “detective” de serviço a tentar descobrir o responsável e o motivo. Numa mistura inventiva de crime, dinheiro e intrigas palacianas.
Se no início do livro o leitor pode sentir dificuldade em entrar no ritmo da narrativa, Marco Malvaldi consegue imprimir originalidade a este romance histórico, criando uma ponte de curiosidade e antecipação. Onde existe um subentendido diálogo com o leitor, através de chamadas de atenção e confidências que tornam a leitura bastante agradável.
Gostava, no entanto, que sendo Leonardo Da Vinci a personagem central tivesse sido mais bem descrita ao longo de toda a história, o que nunca aconteceu. No entanto, não deixa de ser uma boa lição de história onde a ironia torna em certos momentos a leitura hilariante.

MBarreto Condado





Marco Malvaldi nasceu e mora em Pisa, onde se doutorou em Química pela Universidade Normale. Os seus livros anteriores incluem a série BarLume — com Massimo the Barman e os quatro detetives idosos —, que é também uma série de televisão. Escritor reconhecido e querido, os seus romances policiais valeram-lhe o Prémio Isola d’Elba e o Prémio Castiglioncello.

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