Cai o véu que separa os mundos.
Nesta noite é permitido às almas circularem livremente pelos locais que em vida conheceram. Uns mais afortunados poderão vê-las, outros senti-las, mas a verdade é que nesta noite elas estão aqui para nos agraciar com a sua presença. Voltam para nos fazer companhia, para nos sentir, para nos lembrar que não estamos sós.
Não necessitamos fechar os olhos para senti-las ao nosso lado.
Fazem-nos companhia enquanto cozinhamos, sentam-se à nossa mesa para nos ouvir conversar e antes de voltarem a partir ajeitam-nos os lençóis da cama como faziam em vida beijam-nos nas faces sussurrando-nos as tão ansiadas palavras de amor.
Nesses momentos se fecharmos bem os olhos quase que as conseguimos ouvir dizer:
“Não chores não morri!
Já não sou o meu corpo, mas o meu espírito permanece em ti.
Não tenhas saudades minhas!
Pois nunca te deixarei, não o conseguiria mesmo que tentasse.
Não te sintas só!
Estarei sempre aqui até ao dia em que nos reencontremos.
E até que esse dia chegue novamente ansiarei pela tua presença.
Mas voltarei. Porque enquanto viver na tua memória, Vivo!
Agora descansa com a certeza que estarei sempre por perto.
E quando o véu se voltar a erguer e sentires o vazio da minha ausência pensa que teremos sempre este dia para nos voltarmos a reencontrar.
E no próximo ano aqui estarei só para te ver.”
Ergue-se o véu que separa os mundos.
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