quarta-feira, 23 de outubro de 2019

CAVE ASSOMBRADA, de MBarreto Condado















- Bem-vindos a minha casa.

João recebia os seus amigos à porta.

- Parabéns meu. Bem, tens cá uma casa. – Alexandre estava excitadíssimo com o que via. – Também tens piscina?

- Tenho!

- Fantástico. Se soubesse tinha trazido os calções.

- Sabes que hoje é dia 31 de Outubro? Estamos no outono se calhar era melhor deixares esses mergulhos para o verão.

- Mas estamos quase no verão, o de S. Martinho. – Alexandre piscou o olho ao amigo passando por ele permitindo que os restantes colegas também entrassem.
Todos lhe foram entregando presentes que ia deixando na mesa da entrada. Abria-os mais tarde o mais importante agora era estar com os amigos.

- Muito obrigada a todos. Então o que querem fazer?

- Hoje é o teu dia e estamos em tua casa. Diz lá o que foi que preparaste. – Joana deu-lhe um beijo.

- Os meus pais deixaram-nos uma mesa com comida e sumos na sala. Mas se quiserem podemos brincar no jardim ou no meu quarto. Na realidade onde quiserem.

- E onde estão os teus pais? – André olhava em volta

- Tiveram que sair, mas voltam ao final da tarde.

- Quer dizer que estamos sozinhos? – Pedro sorriu esfregando as mãos.

- Sim.

- Fantástico.

- Nem penses que vais fazer asneiras Pedro. Lembra-te que não estás em tua casa. – Ana não gostava nada quando o amigo se portava como um selvagem.

- Podes ficar descansada que não faço nada que tu não fizesses.

- Se quiserem posso mostrar-vos a casa.

Já não foi necessário responder. Nunca ninguém lá tinha estado e se por fora a casa parecia um castelo ali dentro deveria ser muito melhor.

João seguia à frente.

Começaram pelo andar superior onde se encontravam os quartos.

O seu quarto era muito espaçoso, com grossas cortinas que não permitiam a entrada de luz. Uma cama com uma forma muito esquisita, mas que parecia muito confortável. Com uma estante repleta de livros, tudo muito limpo e arrumado.

- Uau, és tu que limpas o teu quarto? – Alexandre estava realmente espantado se a sua mãe visse o quarto do amigo estava feito. Da última vez que limpara o seu tinha descoberto uma sandes de queijo meio comida, ou pelo menos ele achava que era queijo.

- Não. É a minha mãe.

- Meu! Não tens computador no teu quarto? Nem jogos? Só livros?

- Eu gosto de ler. Mas é claro que tenho computador só que normalmente uso-o lá em baixo na sala.

- Ah bom! Estava a ficar preocupado. – Alexandre revirou os olhos.

Já no andar de baixo quando se preparavam para entrar na sala Pedro parou em frente a uma porta fechada. Encostando o ouvido.

- Não disseste que estávamos sozinhos?

- E estamos.

- Podia jurar que ouvi algo a arrastar por detrás desta porta.

- A porta da cave? Devem ser ratos

- Tens uma cave? Fantástico? – Alexandre preparava-se para abrir a porta.

- Podemos ver?

João apertou as mãos uma na outra, não parecia muito à vontade com aquele desejo repentino dos amigos.

- Então e os ratos? – Joana não parecia muito convencida.

- Deixa lá os ratos. Vamos? – Pedro já se afastava para que João abrisse a porta.

- Sim.

Tiveram que descer uma escada de ferro. Repararam que as paredes eram forradas a madeira, a luz era muito fraca pelo que se agarraram no corrimão para não caírem. Quando chegaram ao fundo tinham mais uma porta. Empurrando-a para trás entraram numa sala forrada a veludo vermelho. Ao fundo existia uma mesa de carvalho com cadeiras a toda a sua volta e uma cortina escura com o brasão de família.

- Não sabia que eras de origens nobres. – Ana olhava para o amigo com atenção. – Isto aqui é uma sala fantástica.

- Mas não devíamos estar aqui em baixo. Os meus pais não vão gostar.

- Olha lá, mas afinal como é que te chamas mesmo? – Pedro olhava para o amigo

- João!

- Sim, mas João quê?

- João Pires.

- Mas aqui por cima do brasão tem qualquer coisa escrita como Van ou Vam.

- O meu nome é João Vam Pires!

- Vam Pires? Quase que soa a Vampiros. – Alexandre sorria

Sem que João respondesse nesse momento saindo por uma porta que não tinham visto escondida por detrás da cortina com o brasão apareciam os pais de João.

- Boa tarde meninos. Não deviam estar aqui. – o pai olhava para eles com os olhos brilhantes levando um copo aos lábios sorrindo.


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