O bebé estava doente e, eu também. Normalmente acontecia estarmos ambos bem, ou mal em simultâneo. Havia como que uma simbiose entre ambos, que por vezes ainda hoje sentimos.
Eu tinha febre, por isso não queria que o menino ficasse pior do que já estava. Pedi à minha mãe para ficar com ele durante o dia, enquanto eu me recuperava do que pensava ser uma tremenda gripe.
A meio da tarde recebo uma chamada da mãe, em pânico. O menino estava muito pior, não dava cor de si.
Levantei-me aos tombos, chamei o marido, e fomos os dois com o bebé para o hospital.
Acabou por lá ficar durante vinte e três longos dias, alguns dos quais não sabia se o meu menino iria resistir.
Naquela altura não nos era permitido ficar junto das crianças internadas durante a noite. Ainda hoje tenho nos ouvidos os gritos do meu filho, no primeiro dia em que o deixei, lá, naquela cama estranha, tão sozinho, tão pequeno. O choro dele fazia eco em mim à medida que me afastava pelo corredor, com as lágrimas a correr pela cara.
Vinte e três dias, mais três dígitos do que os meses que ele tinha de idade. Vinte e três dias em que andei quilómetros naquele corredor com ele no colo, pois era a única forma de ele ter algum conforto.
A hora de pavor do dia era quando chegava a equipe médica, rodeavam a pequena cama dele, mandavam-me despi-lo e colocá-lo em pé. Só agarrado… ele não tinha forças, já nem para chorar, por fim. Aos vinte meses chegou ao peso de nove quilos. Não aceitava comer e, o pouco que ingeria soltava pelas pernas a baixo, em líquido. Perdeu o andar, a fala… só me olhava, com aqueles olhos imensos, pedindo que o ajudasse.
Todos os dias lhe eram feitos exames e analises, dentro e fora do hospital, e ainda hoje estou para saber o que foi que o meu filho teve.Houve um dia em que fiz um tremendo escarcéu num dos hospitais onde foi fazer um exame muito complicado, para mais numa criança nas condições em que ele se encontrava. Tinha que ser entubado, mas o médico não o conseguia fazer. O bebé estava sem comer nada desde a véspera. Ao fim de umas poucas de horas, sim porque foram horas, o médico ausentou-se. Ficámos eu, o meu marido e a auxiliar que nos tinha acompanhado, com a criança com um tubo enfiado na boca, semiacordado, deitado na mesa do raio-x. E o tempo a passar…
Por fim, o menino começa a vir a si. O nosso medo era que ele se afligisse e arrancasse o tubo.
Acho que devo ter deixado de pensar, ou de ver. Dei comigo em frente da sala dos médicos, que estava cheia, e desabafei!
Só os vi sair, cada qual para seu lado. Deixaram-me ali sozinha com a minha raiva e frustração.
Quando voltei para a sala, lá vinha o médico que nos estava a assistir, calmamente, depois de ter ido almoçar! Teve de me ouvir, pois é claro!
O bebé foi entubado em cinco minutos, ao colo da auxiliar, sem qualquer problema.
Passados cinco anos, ele necessitou fazer uma radiografia e foi incapaz de se deitar na mesa de raio-x.
Depois começou-se a introduzir alimentação especial, um alimento de cada vez, e ele começou a melhorar. Felizmente.
Saiu do hospital já a andar de novo. Falar foi outro departamento!
Passados anos, houve uma psicóloga que me disse que eu e ele tínhamos um cordão umbilical de aço.
Tomei-o, e ainda hoje assim penso, como um cumprimento. Todas as mães têm uma relação especial com as suas crianças, ainda mais após situações difíceis e traumáticas.
Eu tinha febre, por isso não queria que o menino ficasse pior do que já estava. Pedi à minha mãe para ficar com ele durante o dia, enquanto eu me recuperava do que pensava ser uma tremenda gripe.
A meio da tarde recebo uma chamada da mãe, em pânico. O menino estava muito pior, não dava cor de si.
Levantei-me aos tombos, chamei o marido, e fomos os dois com o bebé para o hospital.
Acabou por lá ficar durante vinte e três longos dias, alguns dos quais não sabia se o meu menino iria resistir.
Naquela altura não nos era permitido ficar junto das crianças internadas durante a noite. Ainda hoje tenho nos ouvidos os gritos do meu filho, no primeiro dia em que o deixei, lá, naquela cama estranha, tão sozinho, tão pequeno. O choro dele fazia eco em mim à medida que me afastava pelo corredor, com as lágrimas a correr pela cara.
Vinte e três dias, mais três dígitos do que os meses que ele tinha de idade. Vinte e três dias em que andei quilómetros naquele corredor com ele no colo, pois era a única forma de ele ter algum conforto.
A hora de pavor do dia era quando chegava a equipe médica, rodeavam a pequena cama dele, mandavam-me despi-lo e colocá-lo em pé. Só agarrado… ele não tinha forças, já nem para chorar, por fim. Aos vinte meses chegou ao peso de nove quilos. Não aceitava comer e, o pouco que ingeria soltava pelas pernas a baixo, em líquido. Perdeu o andar, a fala… só me olhava, com aqueles olhos imensos, pedindo que o ajudasse.
Todos os dias lhe eram feitos exames e analises, dentro e fora do hospital, e ainda hoje estou para saber o que foi que o meu filho teve.Houve um dia em que fiz um tremendo escarcéu num dos hospitais onde foi fazer um exame muito complicado, para mais numa criança nas condições em que ele se encontrava. Tinha que ser entubado, mas o médico não o conseguia fazer. O bebé estava sem comer nada desde a véspera. Ao fim de umas poucas de horas, sim porque foram horas, o médico ausentou-se. Ficámos eu, o meu marido e a auxiliar que nos tinha acompanhado, com a criança com um tubo enfiado na boca, semiacordado, deitado na mesa do raio-x. E o tempo a passar…
Por fim, o menino começa a vir a si. O nosso medo era que ele se afligisse e arrancasse o tubo.
Acho que devo ter deixado de pensar, ou de ver. Dei comigo em frente da sala dos médicos, que estava cheia, e desabafei!
Só os vi sair, cada qual para seu lado. Deixaram-me ali sozinha com a minha raiva e frustração.
Quando voltei para a sala, lá vinha o médico que nos estava a assistir, calmamente, depois de ter ido almoçar! Teve de me ouvir, pois é claro!
O bebé foi entubado em cinco minutos, ao colo da auxiliar, sem qualquer problema.
Passados cinco anos, ele necessitou fazer uma radiografia e foi incapaz de se deitar na mesa de raio-x.
Depois começou-se a introduzir alimentação especial, um alimento de cada vez, e ele começou a melhorar. Felizmente.
Saiu do hospital já a andar de novo. Falar foi outro departamento!
Passados anos, houve uma psicóloga que me disse que eu e ele tínhamos um cordão umbilical de aço.
Tomei-o, e ainda hoje assim penso, como um cumprimento. Todas as mães têm uma relação especial com as suas crianças, ainda mais após situações difíceis e traumáticas.
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