Tanto já foi escrito sobre o Porto, mas nunca o suficiente para descrever a magia que esta cidade carrega na sua história. Não serei eu que a completarei, mas deixarei o meu testemunho sobre os sentimentos dispares que sinto sempre que chego.
Tudo nos transporta para tempos mágicos, carregados de mistérios e desafios, o simples facto de atravessar o rio faz-me sentir que é debaixo da protecção dos Deuses, saudada pelo quente esvoaçar das asas dos Dragões que a protegem.
A quente neblina que me abraça e transporta através de tempos perdidos.
Se fechar os olhos e respirar fundo consigo ouvir o barulho dos barcos Rabelo aportando na ribeira carregados de pipas de vinho do Porto, as vozes das varinas que me chamam gritando “meu amor, minha querida”, consigo ouvir o resfolegar dos cavalos transportando os seus nobres cavaleiros, vozes de crianças brincando despreocupadas correndo descalças por qualquer beco ou ruela.
Foi aqui que Portugal foi buscar o seu nome, mas foi também aqui que nasceu o Infante, aquele que nos conduziria à descoberta de novos mundos.
Não quero abrir os olhos com medo que a magia desapareça. Porém, quando o faço percebo que toda a alegria, a vida, a simpatia, a esperança e o caloroso recebimento das gentes do Norte estão sempre presentes.
Sinto-me bafejada pela sorte, e independentemente desta vez a minha visita ser muito curta, não deixo de apreciar o rebuliço de pessoas que sobem e descem a Avenida dos Aliados, nem tão pouco dos inúmeros turistas que se sentam nas esplanadas bebericando o seu copo de vinho do Douro.
Alguns pedem Francesinhas, Bacalhau à Gomes de Sá, os mais ousados a medo pedem Tripas, um pouco relutantes quando percebem do que são feitas, contudo o sabor acaba por levar a melhor, muitos utilizam o pão para limpar os pratos.
Antes de partir, ainda tenho tempo de beber um cimbalino, trocar alguns bitaites, e como não há espiga, e eu sou fina como um alho prometi voltar.
Mas desta feita ficarei instalada no Palácio das Cardosas e comerei uma francesinha vegetariana (que a meu ver se deveria chamar uma Portosinha).
E na hora da minha despedida, olhei para a Lua e percebi o que com o seu quarto crescente me tentava dizer.
A neblina voltava a cobrir a cidade e enquanto atravessava a ponte sob a protecção dos Deuses e o suave esvoaçar dos seus dragões, pude sentir o cheiro do Douro e o grito das gaivotas que de mim se despediam.
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