Era uma vez numa qualquer cidade de um qualquer país o dia de Natal, neste local era celebrado das mais diversas maneiras pelos seus habitantes, com mais ou menos família, com e sem o pinheiro enfeitado, com ou sem luzes a piscar, com ou sem presépio, com mais ou menos comida, com mais ou menos presentes, com e sem…
Era uma cidade como tantas outras onde ao final do dia as pessoas se reuniam, muitas sem entenderem o motivo para festejarem, não era o frio ou o calor que as aproximava, não eram guiadas pelas suas acções, tivessem sido melhores ou piores, mas como em todas as outras cidades de um qualquer país nesse dia era um frenesim de compras, encontrões, engarrafamentos e pior que tudo má disposição. Naquele dia as pessoas daquela cidade tentavam redimir-se de todo o mal que pudessem ter feito durante o ano irradiando uma falsa luz de felicidade e prosperidade transformando-se no que não eram pelos motivos menos correctos.
Não sabiam o que os unia naquela noite, alguns tinham a leve noção de que celebravam o nascimento de uma criança num curral e que por esse motivo deviam ser mais humildes. Outros pensavam que era um absurdo afinal no séc. XXI a criança só podia nascer num resort rodeado de amas, com um SPA para a mãe descontrair com as amigas e um campo de golfe onde o pai pudesse descansar com os amigos do stressante choro.
Seja qual fosse o motivo que levava os habitantes daquela cidade a celebrar o Natal sentiam que particularmente naquela noite deviam faze-lo com alegria rodeados daqueles que amavam relembrando com saudade as almas que já tinham partido deixando saudades.
A verdade é que naquela cidade como em tantas outras em qualquer país, existia na maioria das casas uma árvore enfeitada com luzes de várias cores a tremeluzir, inúmeros presentes, uma lareira acesa com meias penduradas, azevinho espalhado pela casa, uma mesa cheia de iguarias, memórias, brincadeiras, gargalhadas, uma história, uma fotografia e até mesmo nos raros momentos de silêncio os corações unidos aqueciam a noite.
E ao final daquele longo dia em muitas das casas daquela cidade num qualquer país do mundo, onde podia nevar ou fazer sol, onde era de dia ou de noite, onde o homem das barbas brancas e fato encarnado conduzindo um trenó puxado por renas podia ou não aparecer a única certeza que tinham é que mais um ano passara e estavam vivos e com saúde.
E se esse dia é especial porque as almas de quem já partiu nos observam e celebram connosco através dos véus que se abrem, acredito ser possível um Feliz Natal para todos numa qualquer cidade de um qualquer país.
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