Sempre tinha sido uma criança cheia de vida, cheia de imaginação.
Adorava brincar, embora não houvesse muitos sítios onde o fazer lá por casa. A avó não gostava muito de barulho nem de confusão, e a mãe, contornava os obstáculos que encontrava pela frente conforme podia.
Ela, vivia numa casa de adultos, a maioria das vezes rodeadas pelos seus amigos. Aqueles que ninguém mais podia ver senão ela.
Assim que podia, procurava um cantinho onde lhe fosse possível estar sem que mais ninguém desse por ela, e assim conseguisse brincar com quem bem entendesse.
Nem todos os seus amigos de aventuras lhe serviam para as brincadeiras que inventava!
Umas vezes escolhia uns, outras vezes outros, conforme a brincadeira que queria jogar.
Mas apenas um estava sempre presente, sempre disposto a acompanhá-la em qualquer brincadeira ou diabrura. Apenas um era sempre escolhido em qualquer situação. O Epaminondas.
Pois é, ele era uma companhia realmente inseparável, e interessante.
Era especialmente interessante nos dias em que a mãe ía à loja de tecidos. Havia lá uns manequins que se prestavam sempre a entrar nas suas brincadeiras, por influência do Epaminondas, sem qualquer dúvida! Ele ajudava-a sempre a inventar umas boas brincadeiras. Essas eram sempre umas tardes bem passadas.
Não podia era ser apanhada a falar com os manequins…
Conforme foi crescendo, os seus amigos foram-se afastando, um a um, até que só restou o Epaminondas. Ele foi o último a despedir-se dela, no dia em que ela descobriu a magia dos livros.
Disse-lhe:
- A partir de agora, vais viver as tuas aventuras através dos livros que leres, acompanhada pelos seus personagens. Eles irão ser os teus companheiros de brincadeiras e aventuras.
Cresceu, e todos os amiguinhos se desvaneceram nas brumas da memória, excepto o Epaminondas e os seus conselhos.
Os livros passaram a ser os seus companheiros inseparáveis.
A autora escreve segundo a ortografia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.
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