Os pequeninos estavam todos num montinho, eram tão lindos... ela
segurou num, fez-lhe festinhas e ele gostou, pois não fugiu... Maria lembrou-se
que tinha que ir áquele sítio lindo... levantou-se e começou a caminhar
apressadamente para chegar lá depressa, de repente à sua frente eram só coelhos
aos saltos, mais feliz Maria ficou. Assim já não faria o caminho sózinha,
pensou para si.
Já faltava pouco para chegar áquele lugar lindo e, Maria reparou
que havia mais animais diferentes à sua frente... havia um que era parecido com
as cabras que tinha lá em casa e, nas árvores, haviam tantos passarinhos de
tantas cores, fazia lembrar o arco-íris com tantas cores lindas e vivas. Assim
chegou áquele maravilhoso lugar! Ficou estarrecida e pensou,«se eu conseguir arranjar
caminho para chegar à água e aos frutos naquelas árvores, se calhar já cá fico
hoje...» olhou para o céu, o sol estava no meio, ainda tinha algum tempo antes
que ele se escondesse para resolver se ficava já ou se voltava para a
árvore-mãe.
Começou a sua pesquisa, sempre com os animais e aves a
acompanhá-la, reparou nos coelhos que dormiram com ela e não estavam todos,
especialmente os pequeninos, se calhar tinham ficado com as mães, pois são tão
pequeninos que se perderiam, assim como lhe tinha acontecido a ela. Então
decidiu que, mesmo que encontrasse caminho e sítio para ficar, regressaria à
árvore-mãe para depois trazer todos consigo para aquele sítio maravilhoso, e
assim foi. Então procurou, procurou com a ajuda dos animais e aves que, lhe
parecia, todos eles se comunicavam entre si e entendiam o que Maria queria
fazer... era lindo de se ver, todos em sintonia...
Maria descobriu uma côncavidade na rocha, era um espaço grande, e
era parecido com uma divisão e das grandes, da mansão de seu pai, a entrada era
mais pequena e entrando ficava maior, o tecto era arredondado, havia saliências
no chão encostadas às paredes, para Maria, ali era o mais parecido com uma
casa, tinha espaço para si e para os seus novos companheiros e, se chovesse,
não lhes choveria em cima.
Embora Maria fosse uma criança de tenra idade, estava por sua
conta, tomava decisões consoante as suas necessidades... agora estava um pouco
mais confiante pois já tinha companhia. Olhou para o céu, o sol já estava a
cair para o outro lado. O que queria dizer que já não lhe restava muito tempo
até anoitecer... pensou um pouco, já tinha conseguido uma casa, já tinha mais
amigos, iria regressar à árvor-mãe e no dia seguinte viria novamente para novas
descobertas. Assim regressou à árvore-mãe, rodeada de animais, que entretanto
se comunicaram entre si, vindo todas as espécies em sua direcção visto terem
chegado à conclusão de que Maria era inofensiva e tinha o coração puro como o
de todos eles.
Chegaram à
árvore-mãe e lá estavam os pequeninos todos aninhados com as suas mães, tão
lindos...
Já estava a ficar noite e Maria deitou-se no seu leito de ervas,
pensou no seu pai, deveria estar muito preocupado sem saber dela... fez
beicinho e as lágrimas rolaram pelo seu rosto de menina, os animais
aperceberam-se da sua tristeza, chegaram-se mais para ela e acarinharam-na conforme podiam a sabiam...
e assim mais uma noite passou.
Pela manhã, a nossa menina acordou, agora já acorda de uma forma
menos angustiada, já tem muitos amigos novos que não a deixam só, e a cada dia
que passa aparecem mais. Primeiro apareceram os coelhos, depois as gazelas e
muitos passarinhos, a seguir os macaquitos com as suas mães. Um pouco mais
distantes, apareciam de vez em quando lobos que não se chegavam muito perto,
tal como a mãe urso com a sua cria, estes, por enquanto, só os seguiam muito
atrás ou em paralelo mas distantes.
Com todos estes amigos animais, Maria começou nova caminhada até à
sua futura casa. Chegou lá e ficou maravilhada, tudo era tão bonito, a água que
corria em cascata, sem se ver onde caía ou de onde nascia formava arco-íris, o
que fazia daquela paisagem um paraíso.
(Continua)
A autora escreve segundo a ortografia anterior
ao Acordo Ortográfico de 1990.
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