Os Arautos podem ter as mais diversas formas, podem ser alguém nosso conhecido, podem ser família.
Como os reconhecemos?
Por norma, são seres amargurados, depressivos, insatisfeitos, mal-amados, agiotas, mentirosos, falsos, rancorosos, de memória curta e selectiva, casos perdidos de solidão interior.
Ocupam o seu tempo das mais variadas maneiras, sempre numa tentativa de colmatar os buracos da sua fragilizada alma.
Os anos que deviam dar-lhes sabedoria e gratidão, transformam-se em enfado e contrariedade.
Tornam-se ásperos na sua ânsia de conseguir o que nunca tiveram, destratam quem sempre os estimou, acarinhou, aceitou como são.
E quando a mente amargurada, escurece e preparam o derradeiro golpe, não entendem que o que tanto desejam os perseguirá para além da morte.
Quando não tiverem a seu lado, a alma responsável pelas suas existências, nesse momento, entenderão que a Morte pela qual ansiavam, lhes levou a base de toda a sua sustentação e a vida como a queriam, deixa de fazer sentido.
E aquele buraco negro do qual julgavam ter saído, vai-se alargando até ao dia em que serão Arautos da própria Morte, entregues aos mesmos cuidados que em tempos proporcionaram, será nesse momento que sentirão na pele, nos seus derradeiros instantes, o vazio, o abandono, a tristeza de estarem sós.
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