Texto: Isabel de Almeida | Jornalista | Crítica Literária
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O Espião Português é o primeiro romance da trilogia "Freelancer" do género Thriller e romance de espionagem do autor Português Nuno Nepomuceno, tendo sido inicialmente publicado em 2012, regressa agora às livrarias com chancela Cultura Editora, numa edição requintada para coleccionadores e com revisão e novos capítulos.
Este romance de espionagem apresenta-nos um protagonista muito marcante, o encantador, corajoso e sensível André Marques-Smith, um jovem bastante promissor que, sendo formado em Relações Internacionais e filho de diplomatas - Silvia [Portuguesa] e Armand [Francês] exerce as funções de director do Gabinete de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros Português, sendo o funcionário de maior confiança do Ministro João Santos Ferreira.
Porém, André esconde muitos segredos e tem uma vida dupla, sendo também um agente secreto bastante requisitado, ao trabalhar sob as ordens da CADMO (uma agência internacional que se dedica a missões altamente secretas), estando a criação deste organismo ligado indelevelmente à história familiar de André.
Na companhia de outros agentes operacionais, André que comunica com os colegas sob o nome de código Freelancer (que dá o nome à trilogia literária), e vai intercalando as missões secretas muito arriscadas, com as suas funções de assessor próximo do MNE Português, contando com o apoio de colegas como a Britânica Monique (Ice Lady), o Francês Anssi ( White), a Sueca Marie (Blue Swan), e contando com a feroz oposição de uma agência que se dedica a empregar mercenários, com ligações obscuras à Máfia Russa e ao mundo do crime em geral - a Dark Star, onde colabora a sensual e fria China Girl, uma intrépida agente que se cruzará com André nunca pelas melhores razões.
Percorrendo os cenários de sonho de grandes capitais mundiais, em conferências internacionais, eventos diplomáticos, ou em missões da CADMO em cenas cheias de acção, violência e astúcia, é muito interessante encontrar em André, numa outra vertente, um jovem que considera bastante importantes valores como a família, a amizade, e que sonha encontrar a estabilidade afectiva. André vive na zona de Torres Vedras numa casa demasiado grande e dispendiosa, na companhia do seu fiel cão, o labrador Kimi, e convive com a família, que adora, a mãe Sílvia, o pai Armand, e a irmã mais nova Sara, da qual assume ostensivamente o clássico papel de irmão mais velho que a protege talvez até de forma algo paternalista.
Do seu círculo mais próximo fazem ainda parte o melhor amigo - Diogo, e começa a recuperar a amizade com Marta (uma amiga da juventude de quem se afastara por ter sido próxima de Mariana, uma ex-namorada) tornando-se mais próximo desta e do namorado Rafael, que se encontram prestes a casar.
O leitor acaba por vivenciar com André a permanente expectativa de poder ser desmascarado, além de estarmos muitas vezes em cuidados perante o elevado risco físico e mesmo de vida que o nosso herói enfrenta. Há uma fragilidade emocional em André, que este não deixa interferir na qualidade das suas missões que tem tudo para agradar ao público feminino, e que fará suspirar leitoras pelo nosso protagonista, ao passo que a acção prenderá leitores de ambos os sexos, o que confere também um carácter bastante inovador a este tipo de narrativa, onde muitas vezes os espiões não são emotivos.
Uma prosa dinâmica que nos vai revelando um ritmo narrativo verdadeiramente trepidante, cenas de acção cinematográficas, cenários de sonho, coragem, risco constante, uma vida dupla na qual encontramos duas vertentes - um agente secreto perspicaz e bem sucedido, e por outro lado, um homem sensível, humano com fragilidades, vitórias e derrotas, e que procura encontrar a estabilidade afectiva que lhe viu ser negada, quando julgava estar no caminho certo. Muitas surpresas e twists ao virar de cada página, e ainda dando-nos a conhecer ou a revisitar locais fascinantes da Europa!
Uma obra a conhecer ou a revisitar.