Em Selvagem, o primeiro livro do autor, a voz angustiada do sujeito e a violência errática do discurso são acompanhadas pela presença constante da noite. A noite enquanto metáfora da dor, da cegueira do pensamento e da barbárie a que o homem regressa constantemente.
A passagem do tempo – a ruínas das coisas e a aproximação da morte –, o avanço continuado das cidades sobre o litoral e a agonia do mundo rural são alguns dos temas tratados no livro.
Nos poemas comprometidos com o real nota-se uma sensibilidade lírica afectada pelo medo do futuro. O agravamento das desigualdades, as ameaças às liberdades fundamentais, a dissolução do passado e da memória, a destruição ambiental.
Selvagem é a reacção do autor à angústia de não encontrar, em si, ou ao seu redor, a capacidade para construir um mundo perfectível. O desejo de que a noite seja um raio de luz na claridade do dia.
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