"A minha mãe trocava o sonho de voltar à sua aldeia pelo sonho de ter uma casa sua, um chão onde criar raízes. mesmo que esse sonho fosse quase tão difícil de alcançar como o de regressar à ilha. Um dia, encheu de terra uma lata de leite em pó vazia e nela mergulhou um caroço de abacate. Só a iria plantar no chão se o solo lhe pertencesse. Agora, além do cão turista e das galinhas poedeiras, levávamos também um caroço de abacate ambulante, que crescia a olhos vistos e se transformava num pequeno arbusto, entre cidade e cidade, entre casa e casa. Cresceu tanto que o meu pai foi obrigado a fazer uma caixa de madeira que pudesse acompanhar o crescimento do caroço. O arbusto passou a fazer parte da família e todos tínhamos o cuidado de o proteger durante as viagens".
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