terça-feira, 23 de novembro de 2021

ESQUINA DAS PALAVRAS | " Gotas de Água" | Isabel de Almeida


 Foto: Nova Gazeta - Direitos Reservados

Texto: Isabel de Almeida


GOTAS DE ÁGUA


Nada mais somos do que ínfimas gotas de água,

Todos juntos formamos vastos oceanos.


Causamos tempestades movidos por nada,

Sobrevivemos às vezes em nome de coisa nenhuma.


Anulamos a nossa vontade em nome das ditas "regras sociais",

 Deixamos de viver o que queremos para viver como querem que vivamos!


Queremos parecer bem,

Queremos ser alguém,

Temos a pretensão de ser importantes.


Então, um dia, quando menos esperamos, 

Partimos...


A ínfíma gota de água passa de ínfima e "nada",

Entramos na condição involuntária de ausentes de nós próprios!


Ficamos reduzidos ao vazio!

Apenas permanecemos como memórias na mente de quem nos conheceu...

De quem nos amou...e já será um imenso privilégio termos sido amados...

Pois que nem todas as gotas de água estão destinadas a ter quem as ame...

Se tal sucedeu, então terá valido a pena ter sido gota de água, ainda que ínfima e insignificante!


Cada vez que cedemos à tentação de obedecer às normas dos outros estamos a hipotecar a nossa parca existência,

Estamos a desperdiçar tempo precioso da nossa breve vida de gotas de água!


Temos de nos permitirbrilhar contra o sol,

mesmo correndo o risco de ele nos secar!


Se não arriscarmos não terá valido a pena ter existido!

Ironicamente, se não arriscarmos nem as memórias ficam depois de nós, pois não teremos suscitado amor, apenas mera complacência ou indiferença.


Somos ínfimas gotas de água, urge que ousemos viver como queremos, e não como querem que vivamos!

(texto escrito originalmente em 19.11.2019 e publicado no Jornal Nova Gazeta em 23.11.2021)


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