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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

CRÍTICA LITERÁRIA | " Um amor ao Luar", de Emma Wildes | Planeta


 


Texto: Isabel de Almeida | Crítica Literária | Jornalista


Um amor ao Luar corresponde ao primérios de uma série de romances de época de Emma Wildes. Trata-se de um romance sensual com cenário na Inglaterra do Século XIX.


   Além dos habituais detalhes caracterizadores de uma sociedade presa a rígidas regras e padrões de comportamento, onde a reputação de uma jovem senhora poderia ser fácil e inadvertidamente  abalada ou mesmo destruida de modo irreversível, somos brindados com um clima de permanente intriga e mistério, que percorre toda a narrativa, e que, em muito, contribui para manter o leitor agarrado ao livro até ao momento de virar a última página.


  Como protagonistas da trama encontramos duas personagens bastante paradoxais, que se verão fortemente atraídas uma pela outra, ainda que tal proximidade não seja bem aceite pela sociedade.


    Lady Elena Morrow é raptada e levada inconsciente para um misterioso local onde encontra um inusitado companheiro de cárcere - o Visconde Andrews - um reconhecido e intrépido libertino, um homem rico, tremendamente atraente, mas totalmente avesso ao compromisso matrimonial.


   Elena é uma jovem ingénua, mas com espírito de aventura e dotada de graciosidade e inteligência, com opiniões muito próprias e que não está especialmente entusiasmada com o seu recente noivado com Lorde Colbert - uma escolha irrepreensível sob o ponto de vista do que então se entenderia por "socialmente correcto", mas que não desperta na jovem a chama da paixão pela qual anseia a alma romântica da jovem.


   O Visconde Andrews [Ran], por sua vez, um assumido libertino, mostra-se deveras intrigado em relação aos motivos e ao autor do seu rapto, e não entende porque se vê com Elena em tão embaraçosa situação, estando em cuidados perante a preocupação que o seu misterioso desaparecimento causará à tia e à jovem irmã, que ficou ao seu cuidado, após a morte dos pais de ambos.


   As duas vítimas de tão curioso rapto, verão surgir em si mesmos impulsos, necessidades e sentimentos que ainda tentam negar, embora sem sucesso, e vivem momentos pautados por intensa sensualidade, descritos de forma intensa, cativante e gradual pela autora.


   Não menos interessante é o casal de personagens secundárias nesta narrativa - Alicia [prima de Elena] e o marido, o rígido, severo e contido Lorde Benjamin Wallace. Lorde Benjamin é chamado a investigar o misterioso desaparecimento de Elena, a pedido do pai desta e tio da esposa.


   Alicia, apaixonada pelo marido, luta para dar um colorido emocional que sente faltar na sua vida conjugal, que sente algo rotineira e convencional, e para tanto, dispõe-se a recorrer a estratégias ardilosas e inteligentes, para seduzir o marido e conquistar o amor deste, já que não vê grande sentido num casamento meramente formal, então em voga.


   Lorde Wallace, mais habituado à intriga política - a sua verdadeira zona de conforto - vai ter de se tornar inesperadamente num verdadeiro detective privado, mas descobrirá também novos encantos na sua bela e inteligente esposa, passando a encarar o casamento sob uma nova e interessante perspectiva onde o prazer físico se combina e é complementado pelas emoções, até ali contidas.


   O livro mostra uma linguagem formal. bastante adequada à època histórica e ao espaço social onde se movimentam as personagens [que integram a alta sociedade Londrina, no século XIX], mas bastante acessível ao leitor. O mistério que aguça a nossa curiosidade constitui um bom trunfo narrativo sabiamente utilizado por Emma Wildes, o que mantém os leitores em expectativa permanente até ao final da trama. E o pendor marcadamente sensual não ficou esquecido, sendo bastante explícitas as cenas verdadeiramente escaldantes entre as personagens principais e as secundárias, mas estando também fortemente presente o mundo dos afectos.


  Presentes também alguns detalhes interessantes, e que caracterizam a época, como o conceito de honra a defender pelos cavalheiros, e o julgamento social sempre presente.


 Uma obra envolvente e que agradará aos amantes deste género literário bastante específico, que conta com muitos fãs no nosso país.

Uma obra editada em Portugal pelo grupo Planeta.

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