Beco das Almas Perdidas começa
com a extraordinária descrição de um tragabichos – alcoólico e abjeto, alvo do
deleitado nojo e escárnio da multidão voyeurista – durante a sua atuação numa
feira de província.
O jovem Stan Carlisle também trabalha
nessa feira e pergunta a si mesmo como é que um homem pode descer tão baixo.
Nunca na vida, jura ele, lhe há de acontecer tal coisa. E uma vez que, além de
esperteza e ambição, Stan não é desprovido de um vantajoso laivo de falta de
compaixão, em breve começa a dar-se bem. Em palco, ele é o mentalista com uma
bonita assistente (que não tarda a tornar-se a sua atormentada mulher), sendo
que depois se converte num consumado espiritista, ao serviço dos ricos e
crédulos nas suas casas bem mobiladas. Parece que o mundo está ao dispor de
Stan. Pelo menos por enquanto.
Inédito em
Portugal, Beco das
Almas Perdidas é um dos grandes
clássicos do noir americano da década de 1940. Uma obra-prima
comparável a romances como As Vinhas da Ira,
de Steinbeck, pela sua capacidade de traduzir literalmente as sombras da Grande
Depressão.
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