Em
A Lentidão Kundera
usa, ao mesmo tempo, um romance libertino do século xviii e uma viagem que ele
e a mulher fazem a um castelo em França, transformado em hotel, para dar vida a
uma série de personagens do passado e do presente que se cruzam num colóquio de
entomologistas realizado num dos salões desse castelo. Personagens e histórias
entrelaçam-se de tal forma que ninguém se surpreende, por exemplo, que um homem
de capacete, nervoso e impaciente, acelerando a toda a velocidade a sua moto,
se afaste, enquanto outro, com uma peruca branca, sonolento e ensimesmado, sobe
para uma sege que parece saída de uma gravura do passado: o primeiro deseja,
sem dúvida, abandonar alguma coisa com urgência; o segundo, no entanto, parece
disposto a recordar, ao ritmo lento do cavalo, a noite que acaba de passar com
a misteriosa e sedutora Senhora de T.
Desconcertado e
encantado, o leitor segue o narrador através de uma noite de verão em que duas
histórias de sedução, separadas por mais de duzentos anos, se entrelaçam e
oscilam entre o sublime e o cómico.
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