Um Dia Lusíada é a estreia no romance
de António Carlos Cortez. Jogo de espelhos, com flashbacks e avanços,
interrupções para ironizar sobre o próprio livro que se escreve, esta narrativa
é uma “alimária dos pântanos”, um animal antigo, com peles várias: cartas,
páginas de um diário de aulas, memórias descritivas de lugares infectos;
páginas onde há ensaio, explicações para o livro que lemos.
Do português das ruas ao português que lembra
Mendes Pinto, do mais oral e popular, ao erudito, este romance é feito de
provocações, porque se escreve como quem dispara.
O regresso de Elias depois da operação Nó Górdio
e a sua forma de falar, de ver o mundo. Erotismo, alucinações, a banalidade dos
liceus, a memória dos combates, a radiografia do país, ou dos vários países que
Portugal tem dentro de si, ou que cada um traz consigo.
Um Dia Lusíada é homenagem à própria
literatura, mas sem a mitificar.
Uma estreia no romance que o autor de Diamante
e de Jaguar executa através
de uma linguagem ímpar e num estilo com vários estilos dentro.
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