Aparentemente um thriller.
E ao mesmo tempo uma reportagem jornalística. E também o relato de um caso
judiciário. Mas sobretudo um romance inquietante. Como pano de fundo, a antiga
e fascinante cidade do Porto, embora suspeitemos que poderia ser qualquer outra
cidade desta nossa chamada Europa civil. Suspeitamos também que os problemas do
abuso policial, da tortura, da justiça, da marginalidade social e das minorias
étnicas possam ser o fermento desta história. Mas são certamente o símbolo e a
metáfora que a elevam a um plano superior, graças à força transfiguradora da
ficção, que transforma em literatura a mera realidade.
Um romance que agarra o leitor com o seu
implacável ritmo narrativo, e no qual se agiganta a figura do advogado Fernando
de Mello Sequeira, conhecido por Lóton: inesquecível personagem tabucchiano,
bizarro e metafísico, aristocrata e anarquista, obcecado pela Grande Norma
Jurídica, vencido pela vida mas bem longe da resignação.
Sem comentários:
Enviar um comentário