No verão de
1949 – um ano depois da Nakba, a catástrofe que expulsou mais de 700 mil
palestinianos das suas terras, e que os israelitas celebram como a Guerra da
Independência –, uma unidade de soldados israelitas, destacada para patrulhar a
fronteira do recém-criado Estado de Israel com o vizinho Egito, ataca um grupo
de beduínos no deserto do Negueve, dizimando-o.
Entre as
vítimas encontra-se uma adolescente que sobrevive ao massacre. É capturada e
violada, e depois assassinada e enterrada na areia. É a manhã de 13 de agosto
de 1949.
Muitos anos
mais tarde, quase na atualidade, uma jovem mulher em Ramallah descobre
acidentalmente uma breve menção a esse crime brutal. Obcecada com o assunto,
não só devido à natureza macabra do caso, mas também devido ao «detalhe menor»
de ter acontecido precisamente vinte e cinco anos antes de ela nascer, irá
embarcar numa viagem para tentar desvendar alguns dos detalhes que envolvem o
crime.
Adania
Shibli sobrepõe magistralmente estas duas narrativas translúcidas para evocar
um presente para sempre assombrado pelo passado.
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