Depois de lermos esta estreia provocadora de Jane Campbell acerca do mundo sensual das idosas, daremos realmente razão a quem inventou a expressão «velhos são os trapos».
Longe de caírem nos estereótipos da velhice, as protagonistas – tantas vezes atiradas para lares ou casas de família só por terem passado dos setenta – querem continuar a ter a chave de casa e não deixam que a sua vida seja controlada por outros.
Susan descobre-se sexualmente atraída pela sua cuidadora no hospital; ao enviuvar, Linda resolve procurar o homem com quem teve um relacionamento escaldante durante um congresso; Martha, isolada num apartamento em tempos de pandemia, aceita a proposta do governo para desfrutar da companhia de um robô bem-comportado, que engana descaradamente; a avó que vai de comboio ao encontro da neta decide casar-se com o único passageiro da carruagem para não ter de ficar a tomar conta da irmã inválida e prepotente; a senhora que escova a gata do filho recorda, nos movimentos do animal, as próprias experiências sexuais e pensa que a nora há de acabar por pô-las na rua, a ela e à siamesa…
Escrito de forma desafiante, cheio de uma sabedoria intemporal, eis uma fantástica lição contra o preconceito e os equívocos que rodeiam a vida das mulheres mais velhas.
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