Uma carta guardada durante mais de cinquenta anos – e jamais lida.
É essa a relíquia que Raimundo Gaudêncio traz consigo. Homem analfabeto que, na sua juventude, teve um amor secreto brutalmente interrompido, aos setenta e um anos resolve que ainda é tempo de aprender a ler e, talvez, decifrar essa ferida aberta do passado.
Nascido e criado na roça, Raimundo não frequentou a escola, pois cedo precisou de ajudar o pai na lida diária. Mas há muito que foi obrigado a deixar a família e a vida no sertão para trás. Desse tempo, Raimundo guarda apenas a carta que recebeu de Cícero, quando o amor escondido entre os dois foi descoberto. Cícero partiu sem deixar outra pista senão aquela carta que Raimundo não sabe ler – pelo menos até agora.
Com uma narrativa sensível e magnética, Stênio Gardel leva-nos pelo passado de Raimundo, permeado de conflitos familiares e da dor do ocultamento da sua sexualidade, mas também das novas formas de afeto e de vida que estabeleceu depois de ter fugido de casa.
Explorando o poder universal da palavra escrita e da linguagem, e o modo como elas afetam os nossos relacionamentos, A Palavra Que Resta é um romance arrebatador sobre repressão, violência e vergonha, mas acima de tudo sobre a coragem de lhes resistir.
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